Morreu o "Mata-Sete", o assassino da praia do Osso da Baleia
Vítor Jorge era bancário na Marinha Grande e ficou conhecido por ter assassinado sete pessoas na noite de 2 de Março de 1987.
Morreu Vítor Jorge, o bancário da Marinha Grande que ficou conhecido como "Mata-Sete" depois de ter assassinado sete pessoas, incluindo a mulher e uma filha, na praia do Osso da Baleia, em Pombal, e na Amieira, na Marinha Grande. Vítor Jorge tinha 69 anos e foi encontrado morto na casa onde vivia há 16 anos, na ilha francesa de Córsega.
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Morreu Vítor Jorge, o bancário da Marinha Grande que ficou conhecido como "Mata-Sete" depois de ter assassinado sete pessoas, incluindo a mulher e uma filha, na praia do Osso da Baleia, em Pombal, e na Amieira, na Marinha Grande. Vítor Jorge tinha 69 anos e foi encontrado morto na casa onde vivia há 16 anos, na ilha francesa de Córsega.
As circunstâncias da morte ainda não são conhecidas, mas, segundo o Correio da Manhã, que avançou a notícia, a prima do homicida que o acolheu em França quando saiu da prisão afirma que este morreu de uma doença da qual já padecia há algum tempo. No entanto, “amigos actuais” de Vítor Jorge, também citados pelo diário, negam esta versão.
Vítor Jorge morreu a 29 de Dezembro, mas só foi encontrado entre dia 30 e 31 do mesmo mês.
O crime
Vítor Jorge foi o responsável por um dos crimes que mais chocou Portugal. Na noite de 1 para 2 de Março de 1987, na praia do Osso da Baleia, Vítor Jorge, contínuo e cobrador da agência do Banco Espírito Santo e Comercial de Lisboa na agência da Marinha Grande, fotógrafo de casamentos e baptizados nas horas vagas, assassinou a tiro e à pancada cinco jovens entre os 17 e os 24 anos.
O grupo de amigos tinha estado na festa de anos de uma das raparigas (Vítor Jorge tinha sido contratado para fotografar a festa). Depois do fim das festividades, os jovens seguiram para a praia do Osso da Baleia à boleia de Vítor Jorge. Uma das vítimas foi uma empregada de limpeza no Hospital Universitário de Coimbra, Leonor Tomás, com quem mantinha uma relação afectiva.
Pouco depois, dirigiu-se para casa, na Amieira, e atraiu a mulher e uma filha para um pinhal, onde as matou à facada. Ao massacre escaparam a filha de 14 anos, que suplicou ao pai que não a matasse, e um filho de Vítor Jorge.
O homicida fugiu do local numa Renault 4L branca. A filha de 14 anos que escapou alertou a GNR, que descobriu pouco depois os corpos da mãe e da irmã. O outro irmão, o filho mais novo de apenas dez anos, foi encontrado na sua cama a dormir, com uma "elevada quantia de dinheiro a seu lado", escreveu o Correio da Manhã na altura.
O jornal Observador, que contou a história "macabra" de Vítor Jorge, diz que, quando a GNR chegou à praia, encontrou um pedaço de cartão junto ao corpo de Leonor. "Isto foi porque tu quiseste”, lia-se de um lado. Do outro dizia: "os outros foram por arrastamento".
Vítor Jorge tinha deixado mais pistas. Dentro do carro foram encontradas as armas e um papel onde se lia: "Mato a minha mulher porque não era virgem quando casou, mato as minhas filhas para não serem pasto para os prazeres do mundo, poupo o meu filho para perpetuar a semente do mal". Num diário que foi encontrado mais tarde, Vítor Jorge tinha detalhado um plano para matar outras 14 pessoas.
Andou fugido durante dias
Vítor Jorge não se entregou às autoridades e andou fugido durante dois dias, mas foi detido a 5 de Março deitado no chão numa casa em ruínas no concelho de Porto de Mós.
Confessou ter sido o autor do múltiplo homicídio e foi levado poucos dias depois à praia do Osso da Baleia pelo juiz de instrução criminal de Leiria para uma reconstituição do crime. Tinha na altura 38 anos. Seria condenado a 20 anos de prisão, a pena máxima prevista no Código Penal.
Recluso exemplar nos Estabelecimentos Prisionais de Leiria e, depois, em Coimbra, onde viria a ajudar à missa como sacristão, Vítor Jorge acabou por ser libertado após 14 anos de prisão, beneficiando das amnistias aprovadas durante o seu cativeiro.
A sua libertação, em Outubro de 2005, foi recebida com indignação, desta vez pela alegada brandura das leis penais portuguesas. Foi viver para Inglaterra quando foi libertado e, mais tarde, para a Córsega, onde faleceu.