Bolsonaro deverá visitar Portugal no final do ano ou no início de 2020

Encontro de Marcelo e Jair Bolsonaro durou apenas 20 minutos mas foi como um "encontro de irmãos", onde se abordaram temas bilaterais nas áreas do comércio, turismo e migrações.

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Reuters/RICARDO MORAES

O novo Presidente do Brasil deverá visitar Portugal dentro de um ano, contou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas no final do encontro que teve com Jair Bolsonaro. A visita deverá ocorrer no final deste ano ou, "provavelmente", no início de 2020.

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O novo Presidente do Brasil deverá visitar Portugal dentro de um ano, contou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas no final do encontro que teve com Jair Bolsonaro. A visita deverá ocorrer no final deste ano ou, "provavelmente", no início de 2020.

A data será ajustada entre os "chanceleres", ou seja, os ministros dos Negócios Estrangeiros dos dois países, acrescentou o chefe de Estado português à saída da reunião que decorreu no Palácio do Planalto, em Brasília. Se, por um lado, a agenda de Jair Bolsonaro para os próximos meses será naturalmente muito “ocupada” por se tratar do arranque do mandato, também em Portugal os próximos dez meses serão intensos devido às sucessivas eleições – europeias, legislativas regionais da Madeira e legislativas nacionais.

O encontro entre Marcelo Rebelo de Sousa e Jair Bolsonaro durou apenas 20 minutos mas no final o Presidente da República português disse que foi como um "encontro de irmãos". "Foi tão positivo quanto rápido", afirmou Marcelo e, como que justificando-se pelo escasso tempo da reunião, vincou: "A reunião foi muito boa. Foi formalmente muito boa; foi substancialmente muito boa."

Note-se que neste primeiro dia de trabalho oficial como Presidente da República do Brasil, Jair Bolsonaro recebeu apenas quatro líderes políticos estrangeiros e Marcelo Rebelo de Sousa foi o único chefe de Estado. Os restantes foram o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, o secretário de Estado norte-americano Mike Pompeu, e o vice-presidente do Parlamento chinês (o Comité Permanente do Congresso Nacional do Povo da China), Ji Bingxuan.

Nas declarações aos jornalistas, Marcelo falou com entusiasmo sobre a reunião, e por várias vezes usou sotaque brasileiro para dizer várias palavras e até expressões brasileiras, quando descrevia o “leque de temas bilaterais e multilaterais que foram tratados”.

E quando questionado sobre se aproveitara a sua experiência como Presidente para dar algum conselho ao seu novo homólogo, Marcelo não desarmou: “Não. Um chefe de Estado nunca dá conselho a outro chefe de Estado e cada um faz o seu percurso.” E a seguir lembrou a dimensão brasileira: “Não esqueçamos que o Presidente Bolsonaro é Presidente do Brasil, que é uma potência com uma presença no mundo e uma dimensão populacional, económica, política e estratégica essencial.”

Sobre o encontro, Marcelo disse ter sido “tão positivo quanto rápido”, e que foi “formalmente” muito bom pelo “tom fraternal”. “Era uma reunião entre irmãos, e entre irmãos o que há a dizer se diz rápido – como se diz em família – e há uma empatia natural entre povos que facilita fazer passar a mensagem.”

Já no plano da “substância”, havia pontos que tinham que ser abordados – e foram, descreveu o Presidente da República português. O primeiro foi o da comunidade brasileira em Portugal que “está crescendo” – disse Marcelo com sotaque brasileiro: “São cem mil em dez milhões mas na prática são bem mais; o que é uma percentagem muito significativa e muito transversal economicamente, etariamente, socialmente.” O ponto seguinte foi o da comunidade portuguesa no Brasil, composta por “gerações muito diferentes” e onde os mais recentes são estudantes, intelectuais, cientistas, empresários.

Os dois Presidentes falaram também da cooperação económica, que actualmente aposta também em novas áreas, como o digital, as tecnologias, a energia – incluindo as renováveis; mas também do comércio e do turismo. Sem esquecer também a cooperação militar, seja através da Embraer, que tem unidades de produção em Portugal, ou do fornecimento de material militar pela indústria brasileira.

Outro assunto fundamental foi a CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. “É muito importante uma aposta forte do Brasil”, realçou Marcelo. A CPLP, lembrou, tem presença em todos os continentes, tem feito o “diálogo possível com colossos asiáticos com a China ou a Índia”, e a presença “liderante do Brasil como potência mundial no continente americano” é importante, assim, como a presença de Portugal com a presidência do Eurogrupo na União Europeia.

Os dois chefes de Estado falaram também da relação entre a União Europeia e o Mercosul e da necessidade de fechar o acordo entre os dois blocos económicos. Embora tenha sido um processo “complexo”, Marcelo Rebelo de Sousa garantiu que Portugal “está permanentemente fazendo o que pode para que seja fechado o acordo. É muito importante para as duas partes.”

O Presidente da República português, que na audição com Jair Bolsonaro esteve acompanhado pela secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, pelo embaixador de Portugal em Brasília e pelo chefe da sua Casa Militar, regressa a Lisboa ainda nesta quinta-feira.