Presidente chinês diz que não abdica de usar a força se Taiwan declarar independência
Xi Jinping diz que a reunificação pacífica é do interesse de Taiwan, que teria "um futuro brilhante" sob a alçada de Pequim. Líder taiwanesa diz que população não irá aceitar viver sob o modelo "um país, dois sistemas".
O Presidente chinês, Xi Jinping, afirmou nesta quarta-feira que a China não abdicará do uso da força para que Taiwan fique sob seu controlo. A "reunificação" chinesa vai acontecer, assegurou, de acordo com o modelo de autonomia "um país, dois sistemas" também aplicado na governação de Hong Kong, e que o Presidente chinês considerou ser o melhor para Taiwan.
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O Presidente chinês, Xi Jinping, afirmou nesta quarta-feira que a China não abdicará do uso da força para que Taiwan fique sob seu controlo. A "reunificação" chinesa vai acontecer, assegurou, de acordo com o modelo de autonomia "um país, dois sistemas" também aplicado na governação de Hong Kong, e que o Presidente chinês considerou ser o melhor para Taiwan.
A China "tomará todas as medidas necessárias" contra "forças externas" e separatistas que se oponham à reunificação pacífica, avisou Xi Jinping, num discurso dirigido a Taipé. "A grande maioria dos habitantes de Taiwan sabem bem que declarar a independência levaria a um grande desastre", afirmou Xi, perante uma audiência no Palácio do Povo que incluía dirigentes do Partido Comunista Chinês e empresários taiwaneses.
Realçando que "chineses não lutam contra chineses", o chefe de Estado afirmou que a reunificação pacífica é do interesse de Taiwan. Mas advertiu: "Não prometemos renunciar ao uso da força".
No discurso, que marcou os 40 anos de um documento que marcou a reaproximação entre a China e Taiwan, o Presidente chinês deu a reunificação como uma “inevitabilidade” e garantiu que se respeitará “as propriedades privadas, religiões e direitos” da população taiwanesa durante o processo.
Taiwan, ilha onde se refugiou o antigo governo chinês depois do Partido Comunista tomar o poder no continente em 1949, assume-se como República da China, e funciona como uma entidade política soberana desde o fim da guerra civil.
"A independência de Taiwan conduzirá a um impasse", afirmou Xi. "A China deve ser e será reunificada", disse. E regozijou, referindo a "grande vitória" que foi "frustrar o movimento de independência taiwanesa e outras actividades separatistas”.
A Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, disse após o discurso de Xi que a ilha com um regime democrático não aceitaria viver sob o modelo "um país, dois sistemas". No seu discurso de Ano Novo, Tsai apelou a Pequim para que entenda o pensamento e as necessidades do povo taiwanês, e que use meios pacíficos para resolver as suas diferenças com Taiwan, respeitando os seus valores democráticos.
Tsai abandonou a liderança do partido pró-independentista Partido Democrático Progressista depois de uma pesada derrota nas eleições locais em Novembro para o partido pró-China, Kuomintang.
Outra derrota para os independentistas taiwaneses aconteceu no mesmo mês, num referendo sobre o nome a adoptar nas competições desportivas. A proposta de se usar o nome Taiwan foi rejeitada em favor da manutenção do nome “Taipé chinês”.
Apesar disso, a Presidente não interpreta o resultado como representativo da vontade de reunificação da população taiwanesa: “[Os resultados] não significam que a base da opinião pública no Taiwan advogue a favor do abandono da soberania ou que as pessoas queiram fazer concessões no que diz respeito à identidade taiwanesa”. São, antes, no entender da Presidente, resultado da interferência chinesa nas eleições.