Na Av. Manuel da Maia atravessar a estrada é um risco
Atropelamentos na Av. Manuel da Maia, em Lisboa, deixam moradores inseguros. Câmara garante que a passadeira onde ocorrem os acidentes será alvo de intervenção e que as obras estarão concluídas até Março de 2019.
Na Avenida Manuel da Maia, junto à Praça de Londres, em Lisboa, os moradores queixam-se de uma “tragédia recorrente”. É assim que descrevem os atropelamentos na passadeira que desemboca no número 48 da via com quatro faixas de rodagem (duas em cada sentido) que liga o Largo do Leão à Avenida de Roma. Numa petição que circula na internet, pede-se a colocação de uma lomba redutora de velocidade. O último acidente ocorreu a 28 de Novembro.
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Na Avenida Manuel da Maia, junto à Praça de Londres, em Lisboa, os moradores queixam-se de uma “tragédia recorrente”. É assim que descrevem os atropelamentos na passadeira que desemboca no número 48 da via com quatro faixas de rodagem (duas em cada sentido) que liga o Largo do Leão à Avenida de Roma. Numa petição que circula na internet, pede-se a colocação de uma lomba redutora de velocidade. O último acidente ocorreu a 28 de Novembro.
Patrícia Jerónimo, de 48 anos, é a autora do documento entregue à câmara com mais de 1000 assinaturas. A passagem “de segura não tem nada”, considera a advogada. Residente na zona há vários anos e mãe de dois filhos jovens, vai assistindo aos “acidentes que se sucedem”. A própria já experienciou um quase atropelamento ao atravessar a avenida e não entende como “ninguém faz nada”, sobretudo tratando-se de uma área com três escolas nas redondezas.
O Liceu Filipa de Lencastre, o Colégio Sagrado Coração de Maria e o Instituto Superior Técnico são algumas das instituições de ensino nas proximidades. Muitos alunos, moradores da zona ou não, utilizam aquela passagem de peões todos os dias para se deslocarem para os seus locais de estudo.
Da câmara não teve resposta até ao momento e da junta do Areeiro transmitiram-lhe que terá sido solicitada ao município a abertura de um concurso público para a realização de uma intervenção na avenida.
Ao PÚBLICO, no entanto, fonte do gabinete de vereação da Mobilidade e Segurança adianta que toda a avenida será alvo de intervenção no primeiro trimestre de 2019 e que a obra deverá estar concluída ao fim de seis meses.
No projecto que se encontra concluído, e cujo concurso para a execução de obra será lançado até ao final do ano, existem dois objectivos fundamentais, enuncia a mesma fonte: “Reduzir a velocidade praticada naquele arruamento e aumentar a segurança rodoviária sobretudo para utilizadores vulneráveis.”
Para que tal aconteça, está prevista uma sobreelevação da passadeira e um estreitamento da via, “reduzindo a distância a percorrer pelos peões”. A avenida continuará a ter duas faixas no sentido Praça de Londres-Alameda, mas no sentido inverso, que faz a ligação entre a Alameda e a Avenida de Roma, a circulação passará a fazer-se numa faixa.
Outro âmbito da obra é a continuidade da rede ciclável entre a Av. Rovisco Pais e a Praça de Londres, que será implantada de forma “segregada e em segurança”. A introdução da ciclovia funcionará como uma medida de “acalmia”. “Ao diminuir a velocidade de atravessamento rodoviário, a circulação pedonal e ciclável torna-se mais segura em todo o arruamento”.
“É extremamente perigoso”
Na Barbearia Londres, a uns parcos metros da zona de travessia de peões, a opinião é unânime entre clientes e proprietários. Jorge Alves, de 57 anos, é um dos donos do estabelecimento, e há muito que testemunha o que ali se passa. “À sexta-feira, a malta tira as bombas da garagem e é tudo a passar aqui a abrir”, comenta. “De vez em quando, apanham alguém.”
“E têm apanhado”, atira um cliente habitual. Além dos atropelamentos motivados por excesso de velocidade, Jorge diz que os acidentes entre viaturas também são constantes. Quando avistam a passadeira que se situa entre os dois semáforos, travam bruscamente, provocando embates entre os automóveis.
Maria Falcão Pereira, de 79 anos, é moradora na Manuel da Maia há uma vida. Não esconde o desalento que a invade ao falar nesta situação: “Toda a gente sente na pele o que se passa nesta rua. Já morreram aqui pessoas.” Da sua casa, ouve constantemente as travagens bruscas que ecoam da rua. Nunca sabe quando virá à janela e se irá deparar com outro atropelamento. Conhecia a última vítima, que se encontra em estado grave, e isso pesa-lhe.
Umas portas ao lado, na geladaria Surf, o Inverno não afecta o negócio. Celeste Barbosa, de 54 anos, encarregada do espaço, trabalha na Manuel da Maia há 30 anos e já viu “coisas impensáveis”, afirma. Mesmo com semáforos, diz a comerciante, a rua transforma-se numa “pista de velocidade”. Alguns clientes tiveram acidentes e um senhor de idade morreu numa colisão com uma mota.
Para os moradores e trabalhadores da Av. Manuel da Maia, algo tem de ser feito. “Deveria ter sinais luminosos, com uma velocidade limite”, afirma Celeste. Jorge, por sua vez, sentir-se-ia mais seguro com a colocação de um radar. “Arranjar uma solução” parece ser o consenso geral. “Seja ela qual for.”