Carlos Ghosn enfrenta novas acusações de abuso de confiança
Gestor terá imputado à Nissan perdas pessoais de 14,5 milhões de euros durante a crise do subprime.
O ex-presidente da Renault-Nissan, acusado de fraude fiscal no Japão, enfrenta novas acusações por parte do Ministério Público de Tóquio, desta vez por abuso de confiança agravada, por ter imputado à Nissan perdas de investimentos pessoais durante a crise do subprime.
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O ex-presidente da Renault-Nissan, acusado de fraude fiscal no Japão, enfrenta novas acusações por parte do Ministério Público de Tóquio, desta vez por abuso de confiança agravada, por ter imputado à Nissan perdas de investimentos pessoais durante a crise do subprime.
O ex-CEO e presidente do conselho de administração da aliança que a Renault e a Nissan criaram há 19 anos está detido desde 19 de Novembro. Um tribunal do distrito de Tóquio tinha recusado na quinta-feira prolongar a detenção do gestor e abria a porta a que Ghosn fosse pudesse ser libertado sob caução. Mas como no dia seguinte o Ministério Público apresentou uma nova acusação, baseada em novos factos, o gestor deverá continuar na prisão por mais dez dias ou durante mais tempo ainda, diz a Bloomberg.
Em 2007 e 2008, a sociedade gestora de fortunas de Carlos Ghosn teve perdas com produtos financeiros derivados e, segundo a acusação, os valores terão sido imputados à contabilidade da Nissan em Outubro de 2008, em plena crise financeira. O valor em causa corresponde a cerca de 14,5 milhões de euros. Entre 2009 e 2014, uma filial da Nissan transferiu 14,7 milhões de dólares a esta gestora de fortunas.
Ghosn foi formalmente acusado de fraude fiscal a 10 de Dezembro, suspeito de ter omitido 38 milhões de euros de compensações, recebidos entre 2010 e 2015. É suspeito de ter ocultado mais 31 milhões de euros em remunerações e por isso foi mantido atrás das grades.
Segundo o jornal Le Monde, a lei japonesa sobre as empresas fixa uma prescrição de sete anos, mas os procuradores entendem que esse prazo de contagem se interrompe por causa do período em que o ex-presidente da Renault passou no estrangeiro ao longo dos últimos dez anos.
À Reuters, tanto a Renault como a Nissan recusaram comentar a nova acusação.
O norte-americano Greg Kelly, administrador-delegado e braço-direito de Ghosn, igualmente detido a 19 de Novembro, assim também deverá continuar nos próximos dias. Apesar de ter beneficiado da decisão do tribunal de recusar o prolongamento da detenção, o seu advogado disse que a próxima oportunidade para fazer o pagamento da caução não deverá acontecer antes de terça-feira.