Há 50 anos, a Humanidade esticou o dedo e tocou na Lua

A 21 de Dezembro de 1968, a NASA enviava três astronautas na missão Apollo 8. Foi a primeira vez que saímos da órbita terrestre e entrámos na órbita lunar, preparando a Humanidade para a chegada a Lua no ano seguinte.

A primeira viagem à Lua aconteceu há 50 anos. Não alunámos, mas foi a primeira vez que entrámos na órbita lunar. Foi o arranque para aquele que se eternizaria como o “pequeno passo para o Homem, um passo gigante para a Humanidade” com a chegada da Apollo 11 à superfície lunar, no ano seguinte.

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A primeira viagem à Lua aconteceu há 50 anos. Não alunámos, mas foi a primeira vez que entrámos na órbita lunar. Foi o arranque para aquele que se eternizaria como o “pequeno passo para o Homem, um passo gigante para a Humanidade” com a chegada da Apollo 11 à superfície lunar, no ano seguinte.

Os calendários chegavam ao fim de 1968, ano do assassinato de Martin Luther King, das manifestações estudantis em França e da Primavera de Praga, quando a 21 de Dezembro, o mundo assistiu ao lançamento do foguetão espacial Saturn V que concretizaria a missão Apollo 8.

Dentro do foguetão, lançado às 7h51 locais (12h51 em Lisboa), iam os astronautas Frank Borman, Jim Lovell e Bill Anders. Foram eles os primeiros a sair da órbita terrestre e a devolver imagens do planeta Terra visto do espaço.

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Inicialmente, o plano para a Apollo 8 era servir apenas de um teste para a reentrada na atmosfera terrestre a partir da Lua, mas os avanços por parte da Rússia no lançamento de dois foguetões apressou a corrida. Foi apenas meses antes, em Agosto, que a tripulação foi informada que deveria cancelar as férias de Natal e preparar-se para uma viagem nunca antes feita, lê-se no arquivo digital da NASA.

Os astronautas tinham uma pressão acrescida: o pedido para “ir mais longe” e assumir “um papel de liderança na conquista espacial” feito por John F. Kennedy a 25 de Maio de 1961. Num discurso dirigido ao Congresso, o então líder norte-americano desafiou a nação a pisar a Lua antes do final da década. Numa corrida contra a Rússia, os prazos apertavam-se cada vez mais. John F. Kennedy, assassinado em 1963, não sobreviveria para assistir à concretização do seu desafio, mas as suas palavras e o seu apelo ao apoio do Congresso seriam determinantes para o sucesso de todo o projecto Apollo e da missão da Apollo 8.

Os três protagonistas da missão regressariam à Terra dez voltas à Lua e seis dias, três horas e 42 segundos depois da sua partida, completando a primeira missão tripulada bem-sucedida. O módulo lunar caiu no oceano Pacífico e os astronautas foram resgatados por um helicóptero.

Foi um respirar de alívio para a NASA, depois de três astronautas terem morrido no lançamento da Apollo 1 em 1967.

“Houston, a frase não era assim”

Entre os tripulantes da Apollo 8 estava Jim Lovell, que cumpriu serviço militar na Marinha norte-americana antes de se juntar à agência espacial NASA (National Aeronautics and Space Administration). Lovell foi um dos três astronautas que viajou até à Lua duas vezes.

Depois da missão Apollo 8, Lovell regressou à órbita lunar Apollo 13, em 1970, a sétima missão tripulada do programa. Também nessa missão, Lovell não conseguiu pisar a superfície lunar, uma vez que o satélite não conseguiu pousar na Lua devido a uma explosão num dos módulos que afectou os tanques de oxigénio. A tripulação regressou em segurança à Terra depois de seis dias no espaço.

A atribulada missão inspirou Hollywood que em 1995 lançou o filme Apollo 13, com o actor norte-americano Tom Hanks a dar vida a Lovell enquanto comandante da missão. Foi neste filme que “Houston, we have a problem” [em português: “Houston, temos um problema”] se tornaria numa das frases mais populares do cinema. No entanto, a frase não é fiel à realidade nem tão pouco foi Jim Lovell que a disse. A afirmação original foi “Okay, Houston, we've had a problem” ["Okay, Houston, tivemos um problema"] e foi dita por um outro astronauta, Jack Swigert. A história é contada por Lovell na primeira pessoa. Os produtores do filme tinham consciência disso, mas decidiram adaptar para criar um maior impacto.