Carlos César: autoridades devem lidar "com a maior firmeza" contra manifestações violentas
Presidente do PS diz que os protestos de grupos de cidadãos à margem de sindicatos devem ser encarados com "naturalidade" mas sem tolerar que se ponha em causa a ordem pública. Socialista preparado para o aumento da crispação política no próximo ano por causa das eleições.
O presidente do PS e da bancada parlamentar socialista defende que as autoridades "devem lidar com a maior firmeza" em relação a cidadãos ou grupos de cidadãos que nas manifestações convocadas para esta sexta-feira em vários pontos do país "ponham em causa a ordem pública e a paz social".
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O presidente do PS e da bancada parlamentar socialista defende que as autoridades "devem lidar com a maior firmeza" em relação a cidadãos ou grupos de cidadãos que nas manifestações convocadas para esta sexta-feira em vários pontos do país "ponham em causa a ordem pública e a paz social".
Carlos César considera que é tempo de se encarar com "naturalidade" os fenómenos cada vez mais comuns de manifestações convocadas por grupos inorgânicos e sem uma organização formalmente conhecida. Porém, não se deve permitir que qualquer "cidadão ou grupo de cidadãos ponha em causa a ordem pública e a paz social. Isso é algo com que as autoridades devem lidar com a maior firmeza", faz questão de vincar.
"É evidente que é importante o papel dos sindicatos e todo o processo de interlocução social, como o papel dos partidos políticos, porque isso permite que havendo interlocutores haja também a possibilidade de firmar contratos sociais e acordos que tenham eficácia e produzam resultados", salienta o deputado quando questionado sobre a perda de influência de entidades organizadas como os sindicatos, tradicionalmente ligadas às iniciativas de protesto.
O líder socialista diz que Portugal tem conseguido manter um bom nível de paz social apesar das "aspirações" no plano laboral que levaram a dezenas de pré-avisos de greve - "em número semelhante ao do ano passado", insistiu.
"Vivemos numa democracia e devemos aceitar que os cidadãos, de forma organizada ou espontânea, se manifestem para defender o que acham que deve ser defendido. Somos a favor desses direitos e dessa vivência de cidadania", afirma o dirigente socialista.
"Naturalmente que uma coisa é as pessoas manifestarem de forma ordeira, ainda que de forma impressiva, as suas opiniões ou reivindicações; outra é degenerar em processos de violências gratuita e sem sentido", diferencia o deputado do PS. "Evidentemente que as autoridades estão atentas a todos esses processos, mas é bom que Portugal seja conhecido como um país simultaneamente de liberdade e de tolerância e é isso que se espera sempre quando são anunciados protestos seja de natureza forem."
Crispação também chegará ao debate político com o aproximar das eleições
Mas não é só de contestação nas ruas que o líder do PS está à espera. Sendo o último ano da legislatura, Carlos César admite que a crispação também chegue ao diálogo político com o avançar do calendário mas deseja que não impeça "consenso alargado" para algumas matérias.
Sendo 2019 o último ano da legislatura e marcado por três eleições - para o Parlamento Europeu (Maio), Assembleia Legislativa da Madeira (Setembro) e Assembleia da República (Outubro), espera-se uma "maior capacidade e disponibilidade dos partidos para evidenciarem as suas diferenças", prevê o presidente do PS. O resultado será um aumento da "tensão e do debate político" e uma tentativa de "diferenciação entre os partidos políticos".
Mas há limites e Carlos César considera que eles nunca estiveram em risco de ser quebrados. "Uma coisa é o debate e a crispação, outra coisa é algo que no Parlamento nunca deve exceder essa manifestação de diferenças. Creio que a Assembleia da República nunca esteve muito perto dos limites da civilidade."
E irá esse aumento da crispação dificultar entendimentos que é preciso fazer até ao Verão? Carlos César prefere acreditar que não, mas ao mesmo tempo não deixa certezas nem mostra grande preocupação por falhar temas que o partido chegou a considerar centrais. "Há um conjunto de diplomas estruturantes e com conteúdo reformista e estratégico, como as leis de bases da habitação ou da saúde, que pela sua natureza implicam um consenso alargado. Se esse consenso não existir, essas leis de bases não serão certamente aprovadas."
"Julgamos importante que esta legislatura seja marcada também por essa manifestação de disponibilidade [dos outros partidos para consensos] e julgo que isso vai acontecer", remata o dirigente socialista.