Maria João Koehler é agora nome de treinadora
Aos 26 anos, a tenista portuguesa que chegou a ocupar o 102.º lugar do ranking pôs fim a uma carreira minada por lesões.
O ténis português ficou mais pobre com o anúncio da retirada de Maria João Koehler. Aos 26 anos, a jogadora portuense decidiu encerrar a carreira de tenista profissional, mas já tem um outro desafio aliciante pela frente. Para trás fica uma carreira marcante no ténis feminino nacional, mas também muitas lesões que a impediram de desenvolver todo o seu potencial.
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O ténis português ficou mais pobre com o anúncio da retirada de Maria João Koehler. Aos 26 anos, a jogadora portuense decidiu encerrar a carreira de tenista profissional, mas já tem um outro desafio aliciante pela frente. Para trás fica uma carreira marcante no ténis feminino nacional, mas também muitas lesões que a impediram de desenvolver todo o seu potencial.
Koehler começou a jogar ténis em Setembro de 1999 no Clube de Ténis do Porto — e ainda se lembra da primeira aula como se fosse hoje. Quatro anos depois, começou a coleccionar títulos de campeã nacional, no escalão de sub-12, e aí começou a alimentar o sonho de se tornar uma tenista profissional. As certezas quanto ao futuro aumentaram a partir do ano seguinte, quando começou a treinar-se com o seu ídolo e conterrâneo, Nuno Marques.
A ligação durou 10 anos e foi durante esse período que a tenista alcançou os seus maiores feitos desportivos: a nível doméstico, Koehler coleccionou títulos nos Nacionais de juniores (de 2008 a 2010) e seis no Campeonato Nacional Absoluto (2009 a 2013 e 2016); internacionalmente, conquistou três torneios de singulares no circuito profissional (venceria um quarto em Junho deste ano) e outros quatro em pares e alcançou a 102.ª posição no ranking mundial, a 25 de Fevereiro de 2013, ano em que ganhou o seu primeiro encontro num quadro principal de um Grand Slam, na Austrália, após passar as três rondas do qualifying.
Curiosamente, diria mais tarde que a exibição de que guarda memória quanto ao seu nível mais alto foi precisamente no encontro que perdeu nesse Open australiano, diante da consagrada Jelena Jankovic, então 21.ª mundial, por 2-6, 7-6 (7
5) e 6-2, depois de ter estado a dois pontos de ganhar. A adepta incondicional do Benfica e fã dos U2 chegou, aliás, a competir nos quadros principais dos quatro majors.
Koehler, que acumulou 290 mil euros em ganhos brutos no circuito profissional, representou a selecção nacional na Fed Cup entre 2008 e este ano, disputando 31 encontros em 24 confrontos. Ao lado de Michelle Brito (igualmente já retirada), levou Portugal ao Grupo I, feito que só tinha sido conseguido em 1998.
“Ambiciosa, determinada, emotiva”, nas suas próprias palavras, a jogadora portuense viu a carreira minada por problemas físicos, sendo os mais significativos uma rotura abdominal em 2013, uma lesão no pulso esquerdo, que obrigou a uma intervenção cirúrgica em 2015, e outras no joelho direito, que a levaram a três operações no período de quatro anos (2014-2018).
Pelo meio, terminou o ensino secundário, em horário pós-laboral, com média final de 17,5 valores. A matrícula no curso de Medicina no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, no Porto, ficou congelada, provavelmente para sempre, já que Koehler aceitou o convite para ser treinadora na Rafa Nadal Academy, em Maiorca, onde já se encontra Nuno Marques, como responsável pelo ténis feminino de competição.
A certeza é que o ténis vai continuar a fazer parte da vida de Maria João Koehler.