Pico da gripe deve acontecer no final de Janeiro. Médicos aconselham vacinação a quem tem menos de 60 anos

Será de esperar que vírus dominante este Inverno seja o H1N1, que poderá provocar mais casos graves em pessoas com menos de 60 anos, alerta médico pneumologista.

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Portugal comprou 1,4 milhões de doses de vacina da gripe Adelaide Carneiro

Mais de 65% das pessoas com mais de 65 anos já se vacinaram contra a gripe. Mas poderá não ser este o grupo mais afectado nesta época gripal.

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Mais de 65% das pessoas com mais de 65 anos já se vacinaram contra a gripe. Mas poderá não ser este o grupo mais afectado nesta época gripal.

Filipe Froes, pneumologista e consultor da Direcção-Geral da Saúde, explica que tendo em conta o que se passou no hemisfério sul, será de esperar que o vírus da gripe dominante neste Inverno seja o H1N1, que poderá afectar mais as pessoas com menos de 60 anos. O pico da gripe deverá acontecer no final de Janeiro, início de Fevereiro.

“Apelo às pessoas com menos de 60 anos, sobretudo com doenças crónicas, que se vacinem porque este ano será provavelmente o grupo com maior taxa de ataque [do vírus da gripe]”, disse ao PÚBLICO Filipe Froes. “Quem não se vacinou ainda vai a tempo. Previsivelmente o pico da gripe acontecerá entre o final de Janeiro, princípio de Fevereiro”, acrescentou.

A actividade gripal ainda é limitada, embora crescente. Até ao momento, foram internados três doentes em unidades de cuidados intensivos. “Tendo em conta a projecção, com base em dados de anos anteriores e no que se passou no hemisfério sul há seis meses, o vírus da gripe predominante em circulação será o H1N1. Embora cause doença em todas as faixas etárias, atinge menos as pessoas idosas. Será de esperar um excesso de mortalidade inferior ao do ano passado e mais doença e mais grave nas pessoas com menos de 60 anos”, explicou o pneumologista.

Filipe Froes deixa também um alerta aos profissionais de saúde. “É preciso que estejam atentos a casos mais graves de pneumonia relacionada com gripe em pessoas mais jovens, incluindo grávidas.”

“É o grupo entre os 60 e os 64 anos o menos vacinado”, disse, referindo-se aos dados do Vacinómetro, projecto que monitoriza em tempo real a taxa de vacinação, desenvolvido pela Sociedade Portuguesa de Pneumologia e pela farmacêutica Sanofi Pasteur. A 18 de Dezembro só 33% da população daquele grupo estava vacinada contra a gripe. Entre os profissionais de saúde (todas as idades) a taxa era de 50%.

Mais de 65% dos idosos vacinados

“Temos boas taxas de cobertura vacinal. A partir de 2012/2013, com a introdução da vacina gratuita a alguns grupos de risco, a tendência de vacinação foi crescente”, começa por dizer Filipe Froes. De acordo com os dados do Vacinómetro, desde o início da época vacinal — a 15 de Outubro — até 18 de Dezembro, 65,5% das pessoas com mais de 65 anos já se tinham vacinado. A percentagem mais alta desde a época 2014/2015.

Embora Portugal esteja entre os cinco países com melhor cobertura vacinal, o médico salienta que a percentagem ainda está longe da recomendação feita pela União Europeia em 2015 de se conseguir uma taxa de 75% neste grupo etário. Valor que não foi alcançado por nenhum país.

“A meu ver, a melhor maneira de aumentar este valor é sensibilizar os profissionais de saúde para se vacinarem e recomendarem a vacina e alargar a vacina gratuita a outros grupos de risco como as crianças e as grávidas.” A vacina da gripe é gratuita para pessoas com mais de 65 anos, pessoas (incluindo crianças com mais de seis meses) institucionalizadas, reclusos e doentes crónicos.

Em declarações esta quarta-feira à SIC Notícias, a directora-geral da Saúde adiantou que, até ao momento, já foram dadas gratuitamente cerca de 1,2 milhões de vacinas com a gripe, mas que ainda existem doses disponíveis nos centros de saúde e nas farmácias. Portugal comprou 1,4 milhões de vacinas.