Procurador terá ido ao futebol a convite de advogado de banqueiro que investigava

Correspondência electrónica revela convite a Orlando Figueira enviado em 2011 por João Rodrigues, advogado de Álvaro Sobrinho. Nesta altura o procurador investigava o banqueiro luso-angolano.

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Antigo procurador vai recorrer da sentença Rui Gaudêncio

Apesar de estar a investigar Álvaro Sobrinho, o então procurador Orlando Figueira não via qualquer problema em ir ao futebol com o advogado do banqueiro luso-angolano: esta revelação consta de uma nova vaga de emails do Benfica, divulgada na terça-feira no Mercado de Benfica. Este blog tem divulgado correspondência do clube e interrogatórios judiciais do processo e-toupeira.

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Apesar de estar a investigar Álvaro Sobrinho, o então procurador Orlando Figueira não via qualquer problema em ir ao futebol com o advogado do banqueiro luso-angolano: esta revelação consta de uma nova vaga de emails do Benfica, divulgada na terça-feira no Mercado de Benfica. Este blog tem divulgado correspondência do clube e interrogatórios judiciais do processo e-toupeira.

O antigo procurador terá aceitado um convite do advogado para assistir, com o filho, no camarote presidencial, a uma partida do Benfica com o clube turco Trabzonspor a contar para a fase de qualificação da Liga dos Campeões.

A indumentária do filho do antigo procurador terá, porém, causado algum mal-estar no camarote “encarnado”, facto referido num email enviado pela funcionária do departamento de relações públicas do clube Ana Paula Godinho ao administrador executivo da SAD Domingo Soares de Oliveira. É também neste email que fica claro que o antigo procurador foi convidado pelo advogado do banqueiro.

Problemas com o dress code

Segundo conta a funcionária, o filho de Orlando Figueira terá chegado de “calças de ganga e ténis”, desrespeitando o dress code do camarote presidencial. João Rodrigues terá, ainda assim, insistido para que a entrada do filho do procurador fosse permitida no camarote presidencial dos “encarnados”. O pedido não teve sucesso e o filho do magistrado acabou por ser encaminhado para uma tribuna adjacente.

Mas depois de grande parte da comitiva do Trabzonspor ter chegado de “calças de ganga e alguns de chinelos”, Ana Paula Godinho foi buscar o filho de Orlando Figueira, acabando por permitir a entrada deste no camarote presidencial.

Contactado pelo PÚBLICO, o ex-magistrado desmente: "Nego qualquer convite de Álvaro Sobrinho." E remeteu esclarecimentos adicionais para mais tarde recusando-se a comentar o eventual convite do advogado do banqueiro. O PÚBLICO tentou, também, entrar em contacto com João Rodrigues, mas tal não foi possível. 

Na correspondência electrónica, trocada entre Domingos Soares de Oliveira e Ana Paula Godinho, é explicitado o pedido de convites para Orlando Figueira e o filho, convidados do “dr. João Rodrigues”. A correspondência data de 8 de Agosto de 2011, altura em que o procurador investigava Álvaro Sobrinho, cliente de João Rodrigues.

O banqueiro luso-angolano era investigado pelo Ministério Público no âmbito de transferências bancárias suspeitas no valor de quatro milhões de euros entre o então presidente do Banco Espírito Santo de Angola (BESA) e um empresário português.

Condenado na Operação Fizz

Orlando Figueira foi condenado a uma pena de prisão de efectiva no julgamento da Operação Fizz, a 7 de Dezembro.

O antigo procurador foi sentenciado a seis anos e oito meses de prisão por corrupção, branqueamento de capitais, violação do segredo de justiça e falsificação.

Os juízes consideraram que se vendeu a Manuel Vicente, ex-vice-presidente angolano, tendo alegadamente recebido 760 mil euros para arquivar uma investigação à proveniência do dinheiro usado pelo governante para comprar um apartamento de luxo no Estoril.

No que diz respeito à correspondência electrónica do clube da Luz, já não é a primeira vez que o blog Mercado de Benfica divulga informação sensível sobre o emblema da Luz. A 23 de Novembro, a página revelou na íntegra a gravação do interrogatório do ex-assessor jurídico do Benfica, Paulo Gonçalves.

O caso dos emails, como é conhecido, está a ser investigado pelo Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa que, recentemente, pediu à juíza de instrução criminal um prazo mais alargado para concluir o inquérito, devido à sua magnitude e complexidade. com Ana Henriques