Livros encadernados com cocaína valiam mais de 30 mil euros
Polícia Judiciária apreendeu dois volumes e deteve dois homens no aeroporto de Lisboa, um taxista e um segurança. Estupefaciente ia para o Reino Unido.
Dois livros com características raras foram apreendidos este mês pela Polícia Judiciária no aeroporto de Lisboa: estavam encadernados com cocaína na capa e também na contracapa.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Dois livros com características raras foram apreendidos este mês pela Polícia Judiciária no aeroporto de Lisboa: estavam encadernados com cocaína na capa e também na contracapa.
Vinham num voo da TAP proveniente de São Paulo e o homem que transportava os dois volumes de uma colecção dedicada às grandes guerras mundiais acabou por ser apanhado, tal como um cúmplice seu a quem os entregou ainda no aeroporto, que se preparava para os levar para o Reino Unido nesse mesmo dia.
Ao todo, foi encadernado um quilo de cocaína, quantidade de estupefaciente que em Portugal valeria cerca de 30 mil euros, mas que no país de destino seria vendido por um valor ainda mais alto. Os traficantes recorreram a uma técnica que consiste em impregnar o papel com o produto, método frequentemente usado também em peças de vestuário. Esta quantidade "seria suficiente para a composição de dezenas de milhar de doses individuais, caso chegasse aos circuitos ilícitos de distribuição”, refere um comunicado de imprensa daquela polícia. Apesar de se tratar de uma edição que já não é recente, os livros estavam embrulhados naquilo que parecia ser o celofane original. Quando os desembrulharam, os inspectores tiveram de desfazer parcialmente as capas para extraírem o produto.
Ambos de nacionalidade estrangeira, os homens têm 20 e 53 anos. O primeiro é segurança de profissão, enquanto o segundo é taxista. Ficaram a aguardar julgamento em prisão preventiva. A investigação ainda não terminou. “Estamos a tentar perceber a magnitude desta rede não só em Portugal como noutros países europeus”, explicou um coordenador da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes da Polícia Judiciária, Rui Sousa.
Sobre o método usado, o mesmo responsável assinalou que, não sendo inédito, também não é frequente: “Não é novo, mas há vários anos que não aparecia cocaína dissimulada em livros”. Apesar de ainda não terem sido feitos testes ao produto que permita aquilatar do seu grau de pureza, os investigadores antecipam que será elevado, uma vez que terá origem num dos países vizinhos do Brasil com produção de cocaína – Bolívia, Colômbia, Paraguai ou Chile. Os dois volumes foram transportados na bagagem de mão.