Enfermeiros não suspendem a greve mas vão reforçar equipas durante o Natal
“Com a tolerância de ponto a 24 e 31 de Dezembro prevemos que as listas de urgência ainda aumentem mais, portanto decidimos apelar aos enfermeiros que estão nos hospitais para abrirem mais salas para que esses doentes possam ser operados”, diz Luís Mós, do Sindepor.
Não é um cancelamento nem uma suspensão da "greve cirúrgica", mas os enfermeiros vão reforçar o número de equipas durante o fim-de-semana prolongado que se avizinha.
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Não é um cancelamento nem uma suspensão da "greve cirúrgica", mas os enfermeiros vão reforçar o número de equipas durante o fim-de-semana prolongado que se avizinha.
"Não são tréguas. O que nós vamos fazer, e o que fizemos, foi entregar nos conselhos de administração uma disponibilidade para que os enfermeiros ocupem os tempos de urgência que ainda estão vagos para aumentar o número de equipas" na época do Natal, garante ao PÚBLICO Luís Mós, do Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor).
A chamada "greve cirúrgica" foi convocada pela Associação Sindical Portuguesa de Enfermeiros (ASPE) e pelo Sindepor e afecta desde Novembro os blocos operatórios de cinco dos maiores hospitais públicos do país.
O protesto já levou ao cancelamento de cerca de cinco mil cirurgias programadas no Centro Hospitalar Universitário de S. João (Porto), no Centro Hospitalar Universitário do Porto, no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte e no Centro Hospitalar de Setúbal.
Luís Mós garante que não se trata de um cancelamento nem uma suspensão da greve, e que o reforço será apenas para urgências e não cirurgias programadas. "Este reforço aplica-se apenas no caso de cirurgias de urgência que começam a acumular-se nos hospitais, e nesse sentido demos instruções aos conselhos de administração para que passassem a mensagem aos grevistas. A decisão estará de acordo com a vontade de cada enfermeiro de aumentar esses mínimos e é facultativo que o façam."
"O caso mais crítico", segundo o sindicalista, está a acontecer neste momento nos Hospitais da Universidade de Coimbra onde as urgências se estão a acumular sem que os enfermeiros presentes consigam dar vazão às mesmas.
“Com a tolerância de ponto a 24 e 31 de Dezembro prevemos que as listas de urgência ainda aumentem mais, portanto decidimos apelar aos enfermeiros que estão nos hospitais para abrirem mais salas para que esses doentes possam ser operados”, diz Luís Mós, do Sindepor.
Caso haja adesão por parte dos enfermeiros, o reforço começará já na próxima sexta-feira, dia 21. O Sindepor garante que "caso não fosse feito este reforço no número de enfermeiros, os serviços mínimos seriam sempre assegurados", mas o objectivo é que nos próximos dias sejam diminuídos os tempos de espera de urgência, nomeadamente nos hospitais em que as listas estão cada vez maiores.
O reforço nas equipas de enfermeiros acontecerá também para diminuir o tempo de internamento de alguns doentes. "Poderão existir situações de doentes que têm alguma urgência e ficam internados mais tempo e isso ainda se agravaria mais por causa da tolerância de ponto e do número de enfermeiros que poderia vir a diminuir caso não existisse este reforço ", garante Luís Mós.