Tancos: Marcelo congratula-se com "passos significativos", partidos aguardam acusação
Só depois dos oito detidos serem ouvidos em tribunal, acusados e fixadas as medidas de coacção, as forças políticas considerarão as implicações nos trabalhos da comissão parlamentar de inquérito.
O Presidente da República congratulou-se nesta segunda-feira com o que considerou “passos significativos” no “apuramento das responsabilidades” do roubo de material de guerra dos paióis de Tancos. Os representantes dos partidos que participam na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foram menos efusivos quanto à notícia da detenção de oito alegados cúmplices no furto. Ao PÚBLICO afirmaram aguardar pelo desenvolvimento da investigação do Ministério Público.
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O Presidente da República congratulou-se nesta segunda-feira com o que considerou “passos significativos” no “apuramento das responsabilidades” do roubo de material de guerra dos paióis de Tancos. Os representantes dos partidos que participam na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foram menos efusivos quanto à notícia da detenção de oito alegados cúmplices no furto. Ao PÚBLICO afirmaram aguardar pelo desenvolvimento da investigação do Ministério Público.
“O Presidente da República regista com apreço que, um ano e meio após o assalto a Tancos, passos significativos tenham sido hoje [segunda-feira] objecto de divulgação pública pela Procuradoria-Geral da República, no que respeita ao roubo de armas e outro equipamento militar”, pode ler-se na nota divulgada esta segunda-feira na página de Internet da Presidência.
Na nota, é destacado que Marcelo Rebelo de Sousa “continua a insistir na importância do cabal apuramento de factos e responsabilidades, quer quanto ao desaparecimento quer quanto ao reaparecimento do referido armamento”. Esta nota foi publicada no site de Belém, após a divulgação das oito detenções efectuadas nesta manhã pela PJ no âmbito da Operação Húbris II e antes de os detidos serem presentes esta terça-feira a primeiro interrogatório judicial. Só depois, o Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa divulgará as identidades e ditará as acusações e possíveis medidas de coacção.
A estes passos processuais não é estranha a prudência dos deputados. “Não tenho de fazer comentário nenhum, trata-se da investigação criminal e vamos aguardar pelo que motivou as detenções, a identidade dos detidos e as medidas de coacção”, disse ao PÚBLICO o deputado Carlos Peixoto, do PSD. “Depois, logo veremos se os vamos ouvir [os agora detidos] na CPI”, considerou o parlamentar.
“Não tenho por hábito pronunciar-me sobre investigações em curso”, comentou, por seu lado, Ascenso Simões, coordenador da bancada do PS na comissão de inquérito. “Seria anormal que um qualquer político tivesse conhecimento do que se está passar”, referiu o socialista.
“Tudo tem de ser cabalmente esclarecido”, reitera João Vasconcelos, deputado do Bloco de Esquerda. “A investigação cabe ao Ministério Público, não é este o momento para fazer avaliações políticas, a Comissão Parlamentar de Inquérito seguirá o seu curso”, rematou.
“Este é o tempo da justiça, é uma questão da justiça, não da política”, corroborou Telmo Correia, coordenador do CDS-PP, partido que solicitou a comissão de inquérito. “Pelo que li na comunicação social parece que há uma ligação entre o roubo de Tancos e o das 59 Glocks da PSP, mas ainda é cedo para tirar conclusões”, precisou. “Neste momento, não consigo saber se há alterações nas audições já requeridas pela comissão”, adiantou o parlamentar.
“Achamos que este é o momento da justiça funcionar, pelo que nada temos a comentar”, sintetiza Jorge Machado, deputado do PCP. Sobre possíveis consequências da Operação Húbris II nos trabalhos da CPI, o parlamentar comunista concluiu: “Nada temos a dizer, sempre defendemos a intervenção da justiça no apuramento das responsabilidades.”