Estância de esqui da Serra da Estrela avança com providência cautelar para travar remoção de tapete rolante

O tapete, que substituiu o teleski, estava ilegal e agora vai ter mesmo de ser retirado.

Foto
PAULO PIMENTA / PUBLICO

A Estância de Esqui da Serra da Estrela vai interpor uma providência cautelar para não ter de remover o tapete rolante que ali foi instalado em 2015 e que, entretanto, foi chumbado na Declaração de Impacto Ambiental (DIA).

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A Estância de Esqui da Serra da Estrela vai interpor uma providência cautelar para não ter de remover o tapete rolante que ali foi instalado em 2015 e que, entretanto, foi chumbado na Declaração de Impacto Ambiental (DIA).

"Vamos interpor uma providência cautelar para suspender o processo relativo à remoção do tapete. Paralelamente iremos avançar com uma acção para tribunal que mostre que esta decisão [da DIA] está menos bem fundamentada", referiu, em declarações à Lusa, Artur Costa Pais, administrador da Turistrela, empresa que detém a concessão turística da serra da Estrela e que é proprietária da estância de esqui.

A posição da Turistrela surge depois de a TSF ter noticiado nesta segunda-feira que a colocação deste tapete rolante foi chumbada no âmbito da emissão da DIA, pelo que a estrutura terá de ser removida.

A obra, que visou substituir o antigo telesqui pelo tapete rolante, foi realizada em 2015, "ilegalmente" e sem a necessária DIA.

Tal como é apontado no processo, os procedimentos para a legalização só foram iniciados depois de os trabalhos terem sido embargados.

Chegada à fase final, a comissão de avaliação do Estudo de Impacto Ambiental chumbou o projecto, invocando factores "ecológicos e condicionantes ambientais".

Entre os aspectos negativos, é referido que a intervenção foi realizada numa área superior àquela que foi comunicada, que os trabalhos integraram a "artificialização de linhas de água e alterações dos regimes hídricos naturais", e que foram contrariadas as orientações de gestão estabelecidas para a serra da Estrela no âmbito da Rede Natura 2000.

Datada de Outubro, a decisão obriga a estância a retirar o tapete, confirmou à Lusa a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC).

"Uma vez que foi emitida uma DIA desfavorável relativa à execução de um projecto já realizado, o dono de obra está obrigado à remoção das causas da infracção e à reconstituição da situação anterior à prática da mesma", refere a resposta desta entidade.

A CCDRC também explica que já foi dado conhecimento "à entidade competente para a fiscalização e instrução do processo de contra-ordenação", ou seja, à Inspecção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território.

Contactado pela Lusa, o administrador da Turistrela referiu que foram respeitadas todas as regras ambientais e sugeriu a análise do Estudo de Impacto Ambiental possa ser feita por uma "entidade independente" quer à Turistrela, quer ao Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF): "De certeza que vão verificar que a razão está do nosso lado. Mas, nós estamos tranquilos, até porque fizemos todas as alterações que fomos aconselhados a fazer e cumprimos com tudo o que nos foi pedido".

Especificando que o investimento rondou os 100 mil euros, Artur Costa Pais frisou ainda que a colocação deste tapete rolante permitiu substituir o telesqui, que "estava obsoleto, velho e que já não oferecia as melhores condições de segurança".

O empresário salientou igualmente que existem na Europa inúmeros tapetes iguais àquele que foi colocado na Estância de Esqui da Serra da Estrela, mas, disse, nos outros casos não foi necessário qualquer licenciamento diferenciado.