Ei-los: novos autocarros da Carris já rolam no 728
Quase dois anos depois da municipalização da transportadora, chegou o primeiro lote de um total de 250 que a Carris e a câmara querem ter na rua até ao fim de 2019.
Por fora não têm tanto amarelo como estamos habituados e nas janelas figuram uns perfis do Castelo de São Jorge, do Arco da Rua Augusta e da Torre de Belém, entre outros. Lá dentro, o que chama mais a atenção é a televisão por cima das cabeças, que servirá para anunciar as paragens.
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Por fora não têm tanto amarelo como estamos habituados e nas janelas figuram uns perfis do Castelo de São Jorge, do Arco da Rua Augusta e da Torre de Belém, entre outros. Lá dentro, o que chama mais a atenção é a televisão por cima das cabeças, que servirá para anunciar as paragens.
Depois de dois anos a ouvir falar deles e já com atraso face às previsões iniciais da câmara de Lisboa, ei-los: estão na rua 15 autocarros novos da Carris.
São os primeiros de um conjunto de 250 que hão-de chegar ao longo do próximo ano, “a um ritmo semanal” e que “mais do que uma renovação, [vão representar] uma ampliação” da frota, disse Tiago Farias, presidente da Carris, esta sexta-feira, no parque da empresa em Miraflores, com os novos veículos como paisagem.
Tal como a grande maioria dos que aí vêm, estes nove autocarros articulados e seis standard movem-se a gás natural. Por terem menos emissões de gases poluentes e fazerem menos ruído, a Carris decidiu que as carreiras que passam no centro da cidade são as primeiras a receber estas viaturas: 728, 727 e 732, agora, 738, 709 e 736 na próxima leva.
“No final de 2019 teremos renovado um terço da nossa frota. Um em cada três autocarros será um autocarro novo”, prometeu Fernando Medina, presidente da câmara lisboeta, que assumiu a gestão da Carris em Fevereiro do ano passado. O objectivo da transportadora é que a frota passe dos 600 para os 700 autocarros, pelo que uma parte significativa destes 250 anunciados vem substituir veículos mais velhos.
É o caso dos autocarros articulados usados na carreira 750 e, frequentemente, também na 728, 748 e 753. São dinossauros com mais de vinte anos, que volta e meia avariam e não primam pelo conforto. Tiago Farias explicou que à medida que as viaturas a estrear forem chegando vai ser possível afectar autocarros mais recentes (os que, por exemplo, estão na 783 ou na 736) a essas carreiras, até que os velhinhos sejam todos abatidos.
Para assinalar este “momento histórico” que põe fim a “quase uma década sem renovação de frota” – palavras de Tiago Farias –, Fernando Medina convidou o ministro do Ambiente e Transição Energética para um passeio de 728. João Pedro Matos Fernandes afirmou que era “ridículo” ser o Estado central a gerir a transportadora e aí estava esta cerimónia para prová-lo. “É evidente que uma empresa como a Carris tem de ser gerida pela câmara de Lisboa como a STCP, no Porto, tem de ser gerida pelos municípios onde presta serviço”, disse.
Se a mesma lógica se aplicasse à capital, Oeiras, Amadora, Odivelas, Loures e Almada também poderiam ter uma palavra no assunto, o que não acontece actualmente e tem sido reclamado por alguns autarcas e pelo PCP, que defende uma administração metropolitana da Carris.
João Pedro Matos Fernandes aproveitou ainda para se congratular pelo investimento de 220 milhões de euros na compra de 715 autocarros novos para todo o país, movidos a electricidade ou gás natural. “Em 2050 o país será mesmo neutro em emissões carbónicas”, assegurou, advogando por uma revolução na mobilidade “em prol de um país mais electrificado”.
Quando o 728 chegou à Praça do Comércio, sensivelmente ainda a meio do percurso (Restelo – Portela), apearam-se as individualidades e a carreira seguiu, com os parcos passageiros mais folgados. “São mais do que evidentes os sinais de que a Carris está hoje na trajectória certa. Está melhor, está a servir melhor a cidade, está a cumprir melhor a missão para que foi criada há mais de cem anos”, comentou Medina.