Chelsea questiona inteligência de adeptos após novo incidente racista

Ingleses entoaram cânticos anti-semitas em Budapeste, em partida a contar para a Liga Europa. "Blues" são reincidentes neste tipo de comportamentos.

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Londrinos aguardam deliberação da UEFA LUSA/FACUNDO ARRIZABALAGA

A passagem do Chelsea aos 16 avos-de-final da Liga Europa foi ensombrada por novo incidente de discriminação, quando os adeptos do emblema londrino entoaram cânticos anti-semitas na partida de quinta-feira, frente aos húngaros do Vidi.

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A passagem do Chelsea aos 16 avos-de-final da Liga Europa foi ensombrada por novo incidente de discriminação, quando os adeptos do emblema londrino entoaram cânticos anti-semitas na partida de quinta-feira, frente aos húngaros do Vidi.

A música cantada pelos simpatizantes dos “blues” que fizeram a viagem até Budapeste era direccionada aos adeptos do Tottenham, rivais do clube treinado pelo italiano Maurizio Sarri. No cântico, os adeptos londrinos proferem a palavra “Yids, termo que é considerado ofensivo para a comunidade judaica que habita o bairro londrino de onde o Tottenham é originário.

O clube já manifestou repúdio pelo comportamento dos adeptos na noite de quinta-feira. Citado pela BBC, um porta-voz dos “blues” garantiu que o Chelsea, enquanto organização, condena veementemente os maus exemplos: “Anti-semitismo e qualquer tipo de ódio racial e religioso são repugnantes para o clube e para a grande maioria dos nossos adeptos. Não têm lugar no Chelsea ou em qualquer dos nossos grupos”.

O porta-voz do Chelsea criticou, ainda, a inteligência dos prevaricadores, depois da reincidência em comportamentos nocivos para o emblema londrino: “Qualquer indivíduo que não tenha a capacidade mental para perceber uma simples mensagem e que envergonhou o clube usando palavras ou actos racistas enfrentará a reacção mais forte possível do clube”. A UEFA aguarda pelo relatório do jogo, antes de decidir qual a punição a aplicar aos “blues”.

Outros incidentes a envolverem os “blues

O mau comportamento em Budapeste é apenas uma das múltiplas ocasiões em que uma facção dos adeptos londrinos manchou a reputação do clube. O caso mais conhecido aconteceu em Fevereiro de 2015, em Paris.

O Chelsea defrontava o Paris Saint-Germain quando alguns adeptos ingleses que se dirigiam para o estádio impediram um homem de entrar no metro. Souleymane S., de ascendência mauritânia, ainda tentou forçar a entrada no compartimento mas acabaria por ser empurrado pelos fãs dos “blues”.

“Não falo uma palavra de inglês. Percebi que se tratava de adeptos do Chelsea e relacionei-os com o jogo do PSG que seria naquela mesma noite. Percebi também que eles me estavam a atacar por causa da cor da minha pele. É que, sabem, eu vivo com o racismo”, contou Souleymane, na altura, ao jornal Le Parisien.

Profundamente envergonhado com o vídeo — que se tornaria viral numa questão de horas —, Roman Abramovich, proprietário do Chelsea, convidou o homem de 33 anos para o jogo em Stamford Bridge. Quatro adeptos dos londrinos acabariam por ser condenados e obrigados a indemnizar Souleymane em 10 mil euros.

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Magnata pretende educar adeptos mais violentos John Sibley / Reuters

Visita a campo de concentração

Roman Abramovich, proprietário dos londrinos, tem ascendência judaica. Após um incidente em tudo semelhante ao da noite de quinta-feira, o empresário teve a ideia de convidar alguns adeptos mais radicais a visitar campos de concentração na Polónia, em vez de os expulsar das partidas do Chelsea.

“Se apenas banirmos as pessoas, nunca iremos mudar o comportamento delas”, afirmou ao The Sun Bruce Buck, director do Chelsea. “Esta política oferece-lhes uma oportunidade para que eles percebam o que fizeram, para que queiram ser melhores”.

Em Junho de 2018, os londrinos enviaram uma comitiva composta por 150 pessoas à Marcha dos Vivos, evento anual que pretende examinar as raízes do ódio, intolerância e discriminação e homenagear as vítimas nos campos de concentração nazis.