Dirigente do CDS contra políticos comentadores de futebol

O deputado Telmo Correia diz ao PÚBLICO estar confortável com essa prática.

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A presença regular de deputados e de dirigentes do CDS em programas de futebol está a causar algum burburinho interno no partido. A questão foi levantada na última comissão política nacional, mas nenhum dos deputados ou dirigentes visados respondeu. Nem a líder do CDS.

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A presença regular de deputados e de dirigentes do CDS em programas de futebol está a causar algum burburinho interno no partido. A questão foi levantada na última comissão política nacional, mas nenhum dos deputados ou dirigentes visados respondeu. Nem a líder do CDS.

Na reunião, ao que o PÚBLICO apurou, um dos membros da comissão política nacional, Miguel Alvim, insurgiu-se contra políticos de primeira linha que fazem comentário televisivo sobre futebol. Numa intervenção em tom duro, o dirigente considerou que a prática por parte destes responsáveis era uma vergonha e que representava o grau zero da política, defendendo que deveriam antes discutir as ideias políticas. Mas não se referiu directamente a políticos ou a deputados do CDS.

Na sala da reunião, que decorreu na semana passada, na sede do partido, estavam Telmo Correia, presidente da mesa do Conselho Nacional e vice-presidente da bancada, que participa regularmente em programas de debate futebolístico e também Nuno Magalhães, líder da bancada, que faz comentário nessa área esporadicamente. Nenhum dos dois respondeu a esta crítica.

Outro deputado que costuma fazer comentário de futebol, Hélder Amaral, não esteve na reunião. O certo é que esta questão há muito que causa incómodo no CDS. No caso do deputado Hélder Amaral, a ligação à anterior direcção de um clube de futebol (a de Bruno de Carvalho, do Sporting) gerou mal-estar interno, sobretudo, quando a polémica se acentuou no clube e aconteceu o ataque à academia de Alcochete.

Questionado sobre se está confortável com a prática do comentário futebolístico no grupo parlamentar, Nuno Magalhães disse não querer “comentar publicamente” aquilo que os seus “colegas dizem nos órgãos do partido”. “Creio mesmo ser esse um dever essencial a seguir pelos mais e pelos menos experientes neste órgão”, disse ao PÚBLICO. 

Telmo Correia assume que dá a cara pelo seu clube na televisão “há larguíssimos anos”, mas desvaloriza a crítica. “Estou confortável, se não, não o faria”, disse, referindo que Miguel Alvim aludia a um excesso de futebol nas televisões. “Nisso eu estou de acordo. No dia da aprovação do Orçamento do Estado só se falava se o treinador do Benfica saía [do clube], o Orçamento passou de forma discreta”, apontou.

Entre os dirigentes do CDS que por vezes fazem comentário de futebol está ainda Diogo Feio, actual director do gabinete de estudos, mas que o PÚBLICO não conseguiu contactar.