Itália dá sinais de cedência com proposta de défice perto de 2%

Nova proposta de orçamento italiana baixa o défice dos 2,4% anunciados inicialmente para 2,04% numa tentativa de evitar um conflito com Bruxelas e de acalmar os mercados

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Giuseppe Conte, primeiro ministro de Itália LUSA/ANGELO CARCONI

Numa tentativa de evitar um conflito com Bruxelas que tem estado a fazer subir as taxas de juro da dívida nos mercados, o Governo italiano anunciou esta quarta-feira à noite a apresentação de uma proposta de orçamento revista, em que a estimativa para o défice de 2019 é reduzida em quase 0,4 pontos percentuais do PIB.

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Numa tentativa de evitar um conflito com Bruxelas que tem estado a fazer subir as taxas de juro da dívida nos mercados, o Governo italiano anunciou esta quarta-feira à noite a apresentação de uma proposta de orçamento revista, em que a estimativa para o défice de 2019 é reduzida em quase 0,4 pontos percentuais do PIB.

Nas vésperas da cimeira da UE que se inicia esta quinta-feira em Bruxelas, o primeiro-ministro italiano revelou o que disse ser “uma proposta séria e razoável”. Giuseppe Conte vai chegar à mesa de negociações com os seus colegas com um orçamento que aponta para um défice público no próximo ano de 2,04% do PIB em vez dos 2,4% que tinham sido projectados inicialmente.

Este esforço de contenção, acordado com dificuldade entre as duas forças políticas que compõem a coligação de governo em Itália, acaba por demonstrar que, em Roma, apesar do discurso inicial de inflexibilidade, há em Roma disponibilidade para fazer cedências às exigências das autoridades europeias. A pressionar o Governo italiano têm estado, mais do que a ameaça de sanções por parte dos parceiros europeus, a subida das taxas de juro nos mercados, que estão a dificultar o acesso ao crédito do Estado, das empresas e dos bancos italianos.

Ainda não é certo que em Bruxelas se aceite a nova proposta como suficiente para evitar a concretização da abertura de um procedimento por défice excessivo, até porque a diferença entre o orçamento inicialmente apresentado e aquilo que as regras europeias exigem (nomeadamente ao nível da redução do défice estrutural) era bem maior do que os 0,4 pontos percentuais. No entanto, esta oferta italiana deve ter o mérito de criar maior boa vontade em relação a Itália entre os vários líderes europeus.

Em favor da imagem da Itália em Bruxelas está ainda o facto de, em simultâneo, a França estar agora a rever o seu orçamento, mas em sentido contrário, fazendo subir o défice. As medidas anunciadas por Emmanuel Macron em resposta à contestação social dos chamados “coletes amarelos”, ameaça colocar o défice acima da barreira dos 3%. Esta quinta-feira, o ministro das Finanças francês, Bruno Le Maire, assegurou que pretende que o défice se aproxime “o mais possível de 3%”, colocando a hipótese de aplicação de medidas compensatórias.

Os mercados, por seu lado, estão já a aplaudir os sinais de cedência de Itália. Esta quinta-feira, as taxas de juro da dívida pública italiana a 10 anos, que chegou a atingir os 3,7% no auge do conflito entre Roma e Bruxelas, caíram para os 2,7%.