PJ faz buscas na Inspecção-Geral de Finanças e na Cruz Vermelha

Corrupção passiva, peculato e abuso de poder são as suspeitas imputáveis a altos responsáveis da Administração Pública.

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A IGF é liderada pelo inspector-geral Vítor Braz desde 2015 Nuno Ferreira Santos

A Polícia Judiciária (PJ) está a realizar buscas durante desde a manhã desta terça-feira no organismo de topo do Ministério das Finanças a quem cabe o controlo estratégico financeiro do Estado, a Inspecção-Geral de Finanças (IGF), liderada por Vítor Braz, confirmou o PÚBLICO junto de fontes ligadas à operação. Por volta das 15h, as buscas ainda prosseguiam na IGF.

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A Polícia Judiciária (PJ) está a realizar buscas durante desde a manhã desta terça-feira no organismo de topo do Ministério das Finanças a quem cabe o controlo estratégico financeiro do Estado, a Inspecção-Geral de Finanças (IGF), liderada por Vítor Braz, confirmou o PÚBLICO junto de fontes ligadas à operação. Por volta das 15h, as buscas ainda prosseguiam na IGF.

Os inspectores da Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ estão também na Cruz Vermelha Portuguesa (CVP), que, sabe o PÚBLICO, foi alvo de uma auditoria da IGF em 2016 relativamente a três anos: 2013, 2014 e 2015.

A CVP, uma pessoa colectiva de utilidade pública, está sediada em Lisboa e está espalhada por todo o país, com 148 delegações locais (mais 19 extensões), dez centros humanitários e oito organismos autónomos.

A IGF é liderada desde 2015 pelo inspector-geral Vítor Braz, lugar de topo que acumula com o cargo (remunerado) de presidente do conselho de auditoria da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) por escolha do ministro Mário Centeno.

No inquérito estão a ser investigados crimes de “corrupção passiva, peculato e abuso de poder”, dos quais são suspeitos “altos responsáveis de serviços centrais da Administração Pública do Estado”, refere uma publicada no site da Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa.

As diligências desta terça-feira envolvem 50 inspectores da Judiciária, peritos informáticos e financeiros do mesmo órgão de polícia criminal, seis procuradores e ainda quatro auditores.

A investigação procura apurar as “responsabilidades individuais” dos dirigentes da administração pública “da área de serviços com a missão designadamente do controlo financeiro e fiscal do Estado, da área ministerial, incluindo uma Instituição humanitária de utilidade pública e uma empresa privada”, refere o comunicado da Procuradoria-Geral Distrital.

Há indícios da prática de “actos ilícitos em procedimentos concursais, em acções de fiscalização que lesaram gravemente o Estado nos seus interesses financeiros -, tendo como contrapartidas benefícios individuais dos visados.”

O gabinete de imprensa do ministro das Finanças não quis comentar as buscas, o mesmo tendo feito o principal responsável pela Cruz Vermelha Portuguesa, Francisco George.

A IGF vive nos últimos anos um clima de guerra interna, com a direcção de Vítor Braz a queixar-se publicamente de ser alvo de denúncias “anónimas caluniosas” e estar confrontada com “ataques à IGF, incluindo através de órgãos de comunicação social”. Num primeiro momento, uma investigação interna lançada pela própria IGF levou a PJ a investigar funcionários que – dizia a PJ – teriam acedido a informação “confidencial de terceiros”. Agora, porém, a investigação do Ministério Público centra-se em “altos responsáveis de serviços centrais da Administração Pública do Estado”.