SNS vai ter consultas de actividade física para quem sofre de depressão ou diabetes
Iniciativa arranca até Março, para já apenas em 13 projectos-piloto. A ideia é testar o impacto do exercício físico na prevenção e tratamento destas doenças crónicas.
Alguns doentes crónicos vão passar a ter consultas de actividade física no Serviço Nacional de Saúde (SNS). A iniciativa arranca no início de 2019, por enquanto apenas em 13 projectos-piloto em unidades de Norte a Sul do país, e destina-se, numa primeira fase, a pessoas com diabetes tipo 2 e depressão.
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Alguns doentes crónicos vão passar a ter consultas de actividade física no Serviço Nacional de Saúde (SNS). A iniciativa arranca no início de 2019, por enquanto apenas em 13 projectos-piloto em unidades de Norte a Sul do país, e destina-se, numa primeira fase, a pessoas com diabetes tipo 2 e depressão.
Cristina Godinho, do Programa Nacional de Promoção de Actividade Física da Direcção-Geral da Saúde (DGS), explicou, em entrevista à TSF, como vai funcionar este projecto: os doentes serão identificados pelo médico de família e convidados a participar numa consulta multidisciplinar. "Serão depois acompanhados nessa consulta durante seis meses, ao longo dos quais irão ter diversas consultas e ser avaliados", explica.
"Esta consulta vai ser coordenada por um médico com uma especialização ou pós-graduação em medicina desportiva, em colaboração com um profissional da área do exercício físico. Depois há outros profissionais de saúde que poderão ser envolvidos, como fisioterapeutas, enfermeiros, nutricionistas e psicólogos, caso a caso e por referenciação", especifica Cristina Godinho.
A ideia é replicar o que faz noutros países, nomeadamente no Reino Unido e na Suécia, onde a prescrição de exercício físico acompanhado a doentes crónicos é já uma prática comum. No caso da diabetes tipo 2 e da depressão, a evidência científica demonstra que a actividade física tem efeitos importantes não só ao nível da prevenção, mas também do tratamento ou como coadjuvante terapêutico.
Cristina Godinho esclarece que os projectos-piloto vão ser lançados no primeiro trimestre de 2019 e que os resultados serão depois avaliados para perceber o impacto na saúde dos doentes e nas contas do SNS. Se o saldo for positivo, a DGS pondera alargar a iniciativa a outras unidades do país.
Outra medida anunciada há meses passa por pôr os médicos de família perguntar aos utentes se praticam algum desporto ou fazem qualquer tipo de actividade física.
De acordo com o último Eurobarómetro, os portugueses fazem pouco exercício físico. Em 2010, 33% diziam fazer exercício físico ou desporto com alguma ou muita regularidade — entre uma a cinco vezes por semana. Em 2014, o número desceu para 28% e, em 2017, baixou para 26%.
Na União Europeia (UE), pior do que Portugal, só a Hungria (24%), a Grécia (23%), a Roménia (19%) e a Bulgária (16%). As conclusões são do Eurobarómetro sobre desporto e actividade física de 2017, realizado de quatro em quatro anos e coordenado pela Direcção-Geral da Comunicação da Comissão Europeia.
O estudo define “exercício físico” como nadar, correr no parque, ir ao ginásio ou fazer qualquer outra actividade que tenha como propósito específico “fazer exercício”, num contexto desportivo. Andar de bicicleta ou fazer jardinagem, exemplifica o estudo, não entra neste cálculo.