Quedas de doentes em sete hospitais. Reguladora pede medidas de prevenção
Doente psiquiátrica caiu de janela no Hospital de Santarém, depois de ter sido internada por tentativa de suicídio. Entidade Reguladora concluiu que hospital "não acautelou o devido acompanhamento" da paciente. Este foi um dos casos que deram origem às recomendações divulgadas nesta segunda-feira.
A Entidade Reguladora da Saúde (ERS) recomendou ao Hospital de Santarém que adopte medidas para prevenir a ocorrência de quedas, na sequência do caso de uma doente que sofreu ferimentos graves ao cair do primeiro andar do serviço de Psiquiatria do hospital, onde fora internada após uma tentativa de suicídio, em Junho passado.
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A Entidade Reguladora da Saúde (ERS) recomendou ao Hospital de Santarém que adopte medidas para prevenir a ocorrência de quedas, na sequência do caso de uma doente que sofreu ferimentos graves ao cair do primeiro andar do serviço de Psiquiatria do hospital, onde fora internada após uma tentativa de suicídio, em Junho passado.
Este é o caso mais grave do conjunto de sete queixas relativas a quedas de doentes em várias unidades hospitalares, públicas e privadas, que deram origem a deliberações e recomendações da entidade reguladora que esta segunda-feira foram divulgadas. O regulador alerta para as regras a observar nos estabelecimentos de saúde para prevenir a ocorrência deste tipo de acidentes, um problema que é frequente nos hospitais.
Além do caso da doente com ideação suicida, o Hospital de Santarém tinha já sido alvo de outra reclamação, devido à queda de um paciente de uma maca no corredor do serviço de urgência, em Setembro passado. Também o Hospital Garcia de Orta, em Almada, mereceu uma queixa de um doente que caiu no serviço de Urologia, enquanto na clínica Rui Machado uma mulher de 78 anos sofreu uma queda quando fazia um raio X, em Novembro de 2017.
No Hospital dos Lusíadas há duas reclamações, uma de uma doente que caiu quando subia para uma mesa de exame e outra de um paciente internado na urgência e que caiu de costas no WC, para onde se tinha deslocado sozinho, em Fevereiro deste ano. Já na Unidade Local de Saúde do Nordeste, um paciente caiu da cama depois de ter sido operado a um joelho.
A ERS analisou ainda uma queixa contra o Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, onde em Abril de 2017 uma doente caiu da cama no serviço de urgência e fracturou uma perna. Foi transferida para outro hospital e morreu uma semana após a alta, ainda que por outros motivos, segundo o hospital.
Quanto ao caso da doente que caiu da janela no Hospital de Santarém, os responsáveis da unidade explicaram que a paciente tinha entrada no serviço de urgência no dia 13 de Junho por "tentativa de suicídio com faca e com saco". "Após exclusão de organicidade", foi internada no serviço de Psiquiatria por "alterações comportamentais em contexto de síndrome demencial", refere a informação do hospital que consta da deliberação da ERS.
Segundo o hospital, a doente "vinha em mutismo, não estava colaborante, não tinha família a acompanhá-la" e, por se encontrar inquieta, foi imobilizada na cama por risco de queda. No dia seguinte, pediu para se levantar e ir à casa de banho. "Apresentava-se calma, aparentemente orientada no tempo e no espaço, tendo sido observada nas zonas comuns a aguardar um duche livre, para cuidar da sua higiene pessoal", relata o hospital.
No início da passagem de turno, toda a equipa procurou a doente pelo espaço do internamento, tendo uma enfermeira visto um chinelo no parapeito da janela da sala de enfermagem. "A doente encontrava-se na junção de duas partes do telhado", no meio de tubos, o que dificultou a remoção imediata, pelo que "foi accionado o 112 e os bombeiros com vista à retirada da maca, por entre aqueles tubos e por via de parede externa do telhado, para tanto utilizando-se várias escadas e uma pequena grua", conta o hospital.
O hospital assegura que toda a zona do internamento e áreas comuns se encontra dotada de gradeamentos ou protecções que impedem a abertura das janelas. O incidente ocorreu na sala de enfermagem, que tem várias pequenas janelas, mas apenas uma delas pode ser aberta para arejamento. O acesso da doente àquela sala só foi possível porque naquele momento não estava fechada à chave, contrariamente ao que é hábito acontecer, justifica a unidade.
Mas a ERS concluiu que "o prestador não acautelou o devido acompanhamento da utente, durante todo o período de internamento, garantido uma permanente e efectiva monitorização". E recomenda ao hospital que reveja as medidas e procedimentos existentes para avaliação do risco de queda dos utentes e prevenção da sua ocorrência, "assegurando a existência de zonas específicas para doentes de elevado risco de queda e agitação".