Museu da Água de Almada nascerá da "frescura de ideias" de alunos de arquitectura
Protocolo assinado entre a Câmara de Almada e a Faculdade de Arquitectura de Lisboa dá oportunidade aos alunos de idealizarem propostas para o futuro Museu da Água de Almada. Serão depois avaliadas e tidas em conta no projecto final aprovado.
O futuro Museu da Água, a ser erguido nos terrenos vizinhos do Santuário do Cristo Rei, em Almada, terá o contributo de alunos da Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa (FAUL). As propostas que delinearem para o edifício serão depois avaliadas pelos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Almada (SMAS).
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O futuro Museu da Água, a ser erguido nos terrenos vizinhos do Santuário do Cristo Rei, em Almada, terá o contributo de alunos da Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa (FAUL). As propostas que delinearem para o edifício serão depois avaliadas pelos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Almada (SMAS).
O objectivo, explica Miguel Salvado, vereador administrador executivo do SMAS, é dar “oportunidade a novos arquitectos de desenvolverem a ideia de um projecto que é único, num espaço singular da cidade”. Em vez de “contactar ou contratar directamente um atelier”, elucida o também vereador com os pelouros dos Espaços Verdes e Ambiente em Almada, decidiram “abrir o processo à comunidade académica”.
Para João Pardal Monteiro, presidente da FAUL, é muito importante a ligação dos alunos “a uma realidade prática”. Esta “frescura de ideias”, diz, pode ser decisiva no futuro profissional dos jovens que estão em início de profissão. O arquitecto acredita que este contacto com a idealização de uma proposta concreta dará aos 40 alunos do mestrado de arquitectura uma preparação “que vai além de se estar limitado à realidade das universidades”.
“É um programa paralelo para mostrar a importância das águas e, por isso, tem de ser criativo”, sublinha o vereador responsável pela dinamização da iniciativa. Juntamente com os alunos de arquitectura, os estudantes finalistas da licenciatura em design gráfico da Escola Superior de Tecnologias e Artes de Lisboa apresentarão propostas de comunicação para a futura infra-estrutura museológica da margem sul do Tejo. Se forem aprovadas, serão a nova cara do Museu da Água.
Os alunos de ambas as áreas estão a iniciar o estudo das propostas e a ideia é que, no final do ano lectivo, os projectos possam ser analisados e que a obra seja lançada até ao final de 2019. Em 2020, a pretensão “é começar a obra”, afirma Miguel Salvado.
Para o espaço, está pensada a criação de vários conceitos. Um auditório voltado para a margem do rio com vista para Lisboa é uma das hipóteses na mesa. A construção de uma horta biológica e pedagógica e o desenvolvimento de uma zona museológica tradicional e outra digital fazem parte das prioridades para o edifício.
“Decidimos fazê-lo aqui [o Museu da Água] porque queremos dinamizar esta zona da cidade em termos turísticos”. Em paralelo à edificação do museu, está prevista uma requalificação da zona, que passará por criar mais espaços de estacionamento, melhores passeios e melhor acessibilidade à zona alta de Almada. A intervenção contempla ainda a renovação de toda a rede de saneamento, distribuição de água e pluviais.
Miguel Baptista-Bastos é o professor responsável pelos alunos que apresentarão as novas ideias. Para o arquitecto que lecciona há 20 anos, a solução encontrada para aproximar os alunos do contexto profissional “resolve da melhor forma a questão da investigação na arquitectura”.
O filho do jornalista Armando Baptista-Bastos alerta que a assinatura deste protocolo não entrega aos alunos a execução do projecto. Os alunos irão, pois, elaborar um estudo preliminar que funcionará como base de investigação para melhorar a proposta que vier a ser escolhida. “Pela primeira vez se começa a debater a arquitectura na sua base”, nota. “É uma rampa de lançamento no sentido de poder dar acesso a instituições de trabalho”.
Sofia Oliveira, de 25 anos, e José e Rui Taveira, de 23 e 25, constituem um dos grupos de trabalho que apresentará um estudo preliminar para a edificação do museu. “Temos sempre uma parte de investigação. Aqui, vai mais ao encontro da realidade. E essa parte é mais valorizada”, esclarecem.
A apresentação de propostas de estudo preliminar para o Museu da Água está aberta a todos os alunos do mestrado de arquitectura da FAUL, o que se traduz num universo de 400 alunos.
No final, será constituído um júri que avaliará as ideias e atribuirá os prémios correspondentes. Para os vencedores prevê-se a realização de um estágio no SMAS ou na Câmara de Almada.