As chaves para entender os "coletes" e a impopularidade de Macron
Em apenas 18 meses, Emmanuel Macron passou de Presidente mais popular ao mais impopular.
Em apenas 18 meses, Emmanuel Macron passou de Presidente mais popular ao mais impopular. Os “coletes amarelos”, um movimento apartidário, sem ideologia e sem coordenação nacional, em luta pela recuperação do poder de compra, estão a ampliar a imagem de impopularidade do jovem Presidente francês. Macron não se pronuncia sobre o que se passa em França desde 1 de Dezembro. O movimento, dizem as sondagens, tem o apoio de quase 80% dos cidadãos. O jornal espanhol El País diz que há algumas chaves para perceber a erosão da popularidade — e do poder — do Presidente francês. Eis quatro dessas chaves:
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Em apenas 18 meses, Emmanuel Macron passou de Presidente mais popular ao mais impopular. Os “coletes amarelos”, um movimento apartidário, sem ideologia e sem coordenação nacional, em luta pela recuperação do poder de compra, estão a ampliar a imagem de impopularidade do jovem Presidente francês. Macron não se pronuncia sobre o que se passa em França desde 1 de Dezembro. O movimento, dizem as sondagens, tem o apoio de quase 80% dos cidadãos. O jornal espanhol El País diz que há algumas chaves para perceber a erosão da popularidade — e do poder — do Presidente francês. Eis quatro dessas chaves:
1. A inexperiência
Nunca tinha sido eleito para qualquer cargo político, tendo sido ministro da Economia durante a presidência de François Hollande. Esta falta de experiência pode explicar a sua falta de habilidade para ouvir e perceber os cidadãos, que o consideram um líder elitista. O Presidente foi duramente criticado por duas respostas que deu recentemente a dois jovens que o abordaram. Repreendeu um deles, que o tratou informalmente por “Manou”; a outro, que lhe tentou falar dos problemas do emprego jovem, garantiu que bastava atravessar a rua para arranjar trabalho.
2. A solidão
A vitória de Macron provocou, ou coincidiu, com a agonia do Partido Socialista francês e com a derrocada de Os Republicanos (direita). Ao ser eleito por uma margem confortável contra Marine Le Pen (extrema-direita) e ao ter conseguido logo a seguir uma maioria esmagadora no Parlamento, prescindiu do apoio dos presidentes de câmara e dos presidentes das regiões — a quem na semana passada apelou para ajudarem a conter a revolta. Macron está hoje sozinho em várias frentes — foi abandonado até pelos políticos com algumas causas, como Ségolène Royal, que enfrentou Sarkozy e perdeu, que no passado defendeu veementemente o imposto ecológico sobre o diesel e que agora dá os primeiros passos para o “regresso” à ribalta política, se pronunciou contra ele.
3. A representação
A França revoltada é a França dos invisíveis que se tornam visíveis, como explicam alguns analistas. É a França da província, das pequenas e médias cidades, da classe média baixa que luta para chegar ao fim do mês. E é também a França que se absteve nas últimas presidenciais, “Eu não conseguia votar em Le Pen e não conseguia votar em Macron, votei em branco”, contou um manifestante à jornalista Rita Siza. Este eleitor votou em branco, mas foram 12 milhões os que se abstiveram.
4. O pessimismo
O que está a acontecer a Macron não é inédito, escreve o El País. Ele, como os seus antecessores, chegou ao Eliseu com a promessa de arrancar de França um mal-estar endémico provocado pela estagnação. Desta vez, porém, esse mal-estar não é filtrado por contestações sectoriais, feitas através dos sindicatos ou dos partidos. Os manifestantes têm o apoio da opinião pública — 80%, segundo as sondagens. “O paradoxo é que os rivais de Macron não são mais populares do que ele: não aparece uma alternativa política”, diz o jornal espanhol. A estagnação social (a impossibilidade de progredir) chegou também ao sistema político