CDS pede dezenas de documentos para a comissão parlamentar ao furto a Tancos
Centristas requerem documentação a várias entidades com vista a apurar responsabilidades políticas e militares nos diversos episódios que se seguiram à detecção do roubo do equipamento militar.
Existe ou não um memorando entregue pelo ex-director da Polícia Judiciária Militar (PJM), coronel Luís Vieira, e por um investigador da mesma polícia, o major Vasco Brazão, ao ex-chefe de gabinete do Ministério da Defesa, quando era ministro Azeredo Lopes? E o documento que relatará a entrega do armamento furtado em Tancos detectado em finais de Junho do ano passado tem apenas uma versão ou mais? Se existe, quem dele teve conhecimento?
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Existe ou não um memorando entregue pelo ex-director da Polícia Judiciária Militar (PJM), coronel Luís Vieira, e por um investigador da mesma polícia, o major Vasco Brazão, ao ex-chefe de gabinete do Ministério da Defesa, quando era ministro Azeredo Lopes? E o documento que relatará a entrega do armamento furtado em Tancos detectado em finais de Junho do ano passado tem apenas uma versão ou mais? Se existe, quem dele teve conhecimento?
Para tentar obter respostas a estas perguntas, o CDS pediu ao Ministério da Defesa, ao Estado-Maior General da Forças Armas e à PJM que, caso o tenham, o entreguem ao partido. Este é apenas um dos muitos documentos requeridos para análise na Comissão Parlamentar de Defesa ao furto do equipamento militar em Tancos.
O pedido do mesmo documento a três entidades diferentes deve-se ao facto, segundo revelou ao PÚBLICO o deputado centrista António Carlos Monteiro, de já ter sido revelado por diversos órgãos de comunicação social, em alguns casos com versões diferentes, enquanto no Ministério da Defesa o então ministro Azeredo Lopes disse não existir tal documento.
No âmbito da Comissão Parlamentar de Inquérito Sobre as Consequências e Responsabilidades Políticas do Furto do Material Militar Ocorrido em Tancos, o CDS pede também ao Ministério da Defesa que entregue todo o processo conducente à condecoração do major Vasco Brazão, ex-investigador da PJM e um dos arguidos no processo de “recuperação/simulação da recuperação do material militar roubado", com a medalha de Defesa Nacional 2.ª Classe, e também a promoções e louvores a outros militares envolvidos no caso.
Já do Ministério da Administração Interna e da GNR, o CDS quer todos os processos conducentes a eventuais louvores ou propostas de louvores, “mesmo que não tenham sido concedidos", a militares do destacamento de Loulé envolvidos do achamento das armas.
O CDS pede ainda a diversas entidades documentação relativa à alteração das regras de vigilância aos Paióis Nacionais de Tancos. “São matérias com relevância militar. Temos dados que nos mostram que até 2006/2007 o efectivo de vigilância aos paióis era composto por 44 militares e a partir de 2007 esse efectivo passou para apenas seis homens durante 24 horas por dia. Porquê e quem tinha conhecimento disto”, pergunta António Carlos Monteiro.
Os centristas querem ainda uma resposta da Entidade Fiscalizadora do Segredo de Estado sobre que "documentos relativos ao furto do material militar ocorrido em Tancos e ao aparecimento do material militar na Chamusca se encontram identificados como classificados".
A CPI ao furto de material militar a Tancos teve a sua primeira reunião na semana passada, tendo aprovado as 63 personalidades a serem ouvidas e que incluem actuais e antigas chefias militares, ex e actuais ministros, magistrados e investigadores. Até o primeiro-ministro vai ser chamado, embora seja já certo que responderá por escrito.
Nesta sexta-feira ficou a saber-se que a CPI vai reunir-se duas vezes por semana e começa as audições às personalidades em Janeiro. Um deputado da comissão disse à Lusa que, após a semana do Natal, a comissão vai também fazer visitas a Tancos e ao Campo Militar de Santa Margarida, para onde foi transferida parte do material após o furto, em Junho de 2017. O restante armamento foi distribuído ainda pelas instalações do Estado-Maior da Armada em Marco do Grilo, e do Campo de Tiro de Alcochete numa operação denominada Plano Tróia 17.
A comissão de inquérito tem o prazo de 180 dias, até Maio de 2019, prorrogável por mais 90, para chegar a conclusões.