Trump nomeia advogado crítico das investigações sobre a Rússia para chefiar a Justiça
William Barr foi attorney general no início da década de 1990 e nessa altura afirmou que a sua lealdade é para com a Constituição.
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nomeou esta sexta-feira o substituto de Jeff Sessions na liderança do Departamento de Justiça. O escolhido é William Barr, um advogado de 68 anos que foi attorney general na fase final do mandato de George Bush, entre 1991 e 1993, e que tem criticado as investigações sobre as suspeitas de interferência russa nas eleições presidenciais de 2016.
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O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nomeou esta sexta-feira o substituto de Jeff Sessions na liderança do Departamento de Justiça. O escolhido é William Barr, um advogado de 68 anos que foi attorney general na fase final do mandato de George Bush, entre 1991 e 1993, e que tem criticado as investigações sobre as suspeitas de interferência russa nas eleições presidenciais de 2016.
"Ele foi a minha primeira escolha desde o início", disse Donald Trump numa comunicação na Casa Branca. Mais tarde, o Presidente norte-americano fez o anúncio no Twitter.
Ainda antes de ter tomado posse como Presidente dos EUA, em Janeiro de 2017, Trump nomeou para o cargo de attorney general (um cargo equivalente a um misto de ministro da Justiça e procurador-geral) o antigo senador Jeff Sessions, uma das primeiras figuras de primeiro plano do Partido Republicano a apoiar a sua candidatura à Casa Branca.
A relação entre Sessions e Trump foi-se degradando até ao ponto de ruptura, em Novembro, 20 meses depois de o attorney general se ter afastado da supervisão das investigações sobre a Rússia, uma decisão que deixou o Presidente norte-americano furioso. Sessions afastou-se porque se ficou a saber, em Março de 2017, que manteve conversas com o embaixador da Rússia em Washington em 2016.
Com o afastamento de Jeff Sessions das investigações, Donald Trump viu o vice-attorney general, Rod Rosenstein, nomear o experiente antigo director do FBI, Robert Mueller, para conduzir o caso.
Antes de entrar em funções, William Barr terá de ser aprovado por uma maioria simples no Senado. Ainda que o Partido Republicano tenha uma maioria de 53-47 a partir de Janeiro, espera-se que as audições sejam difíceis.
Apesar de Barr ser um nome respeitado no Partido Republicano pelo seu passado na Administração de George Bush (o Presidente que morreu na semana passada), há alguma apreensão por causa das suas declarações públicas contra a investigação do procurador especial Robert Mueller.
No ano passado, Barr disse que os apelos do Presidente Trump à abertura de uma investigação criminal contra Hillary Clinton "não têm nada de errado intrinsecamente", apoiou a demissão do director do FBI, James Comey, e disse que a equipa do procurador Mueller devia ser "mais equilibrada", com mais elementos com ligações ao Partido Republicano.
Espera-se que os senadores – os do Partido Democrata, mas também alguns do Partido Republicano – o pressionem para dizer se admite lançar uma investigação criminal contra Hillary Clinton ou limitar as investigações de Robert Mueller.
Um dos motivos que levou ao fim das relações de Trump com Jeff Sessions e James Comey foi a alegada falta de lealdade pessoal por parte dos dois responsáveis para com o Presidente. Neste aspecto, William Barr também já deixou claro que a sua lealdade é para com a Constituição.
Num discurso proferido por Barr em 1992, recuperado esta sexta-feira pelo jornal The Guardian, o então attorney general reflectiu sobre a lealdade do seu cargo: "A promessa do attorney general de defender a Constituição levanta a questão sobre se os seus deveres devem residir no Presidente que o nomeou ou, mais em abstracto, no primado da lei. Eu disse nas minhas audições no Senado, e repeti várias vezes desde então, que a lealdade do attorney general deve residir no primado da lei."