OPEP corta produção e preços do petróleo voltam a subir

Descida de preços das últimas semanas foi interrompida depois de alguns dos principais produtores mundiais terem chegado a acordo para diminuir a oferta.

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Reuters/Richard Carson

Numa tentativa de travar a descida de preços que se tem vindo a registar nas últimas semanas, o clube que reúne algumas das principais potências petrolíferas mundiais decidiu esta sexta-feira reduzir o nível da sua produção de crude. O resultado imediato: uma recuperação dos preços no mercado próxima de 5% no espaço de minutos.

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Numa tentativa de travar a descida de preços que se tem vindo a registar nas últimas semanas, o clube que reúne algumas das principais potências petrolíferas mundiais decidiu esta sexta-feira reduzir o nível da sua produção de crude. O resultado imediato: uma recuperação dos preços no mercado próxima de 5% no espaço de minutos.

Depois de, na quinta-feira, a reunião dos membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) realizada em Viena ter sido interrompida sem que um acordo concreto para um corte de produção fosse anunciado, os mercados reagiram com novas descidas do preço, acentuando uma tendência que já tinha colocado a cotação internacional do crude 30% abaixo do máximo de quatro anos atingido em Outubro. O crude seguia em Nova Iorque abaixo dos 55 dólares por barril, depois de há dois meses ter tocado nos 76 dólares.

Mas agora, depois de acertadas posições com outros produtores importantes que não fazem parte da OPEP, como a Rússia, um acordo de corte na produção acabou mesmo por ser anunciado. Os membros da OPEP, dos quais a Arábia Saudita é a principal potência, irão cortar a produção em 800 mil barris de petróleo por dia, a Rússia irá ajudar com menos 200 mil barris e outros produtores não membros das OPEP com outros 200 mil barris.

No total, serão menos 1,2 milhões de barris a menos de produção diária, o que irá forçar a um novo equilíbrio entre a oferta e a procura no mercado petrolífero. Nos minutos a seguir ao anúncio do acordo, o preço do crude nos mercados subiu cerca de 5%, recuperando parte das perdas que se vinham registando nas últimas semanas.

O entendimento entre os países produtores foi bastante difícil. Um dos principais problemas estava em fazer com que a Arábia Saudita concordasse em isentar, pelo menos parcialmente, o rival Irão da realização de cortes, por causa do efeito do embargo a que é sujeito o país. Uma questão que acabou por se resolver já no final das negociações, quando os vários países foram colocados perante a iminência de uma ausência de acordo que faria cair os preços ainda mais.

Os Estados Unidos, que não participam nos cortes e cujo aumento da produção é apontado, a par do abrandamento económico mundial, como uma das causas da descida de preços, também desempenharam um papel importante nas negociações. Donald Trump tem vindo a declarar publicamente o seu desejo de que a Arábia Saudita – a braços com um enorme constrangimento diplomático por causa do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi - não corte a produção, mantendo os preços do petróleo a um nível mais baixo. E vários analistas defendem que foi essa pressão norte-americana que evitou que o corte na produção não seja ainda mais elevado do que o agora anunciado.

A variação do preço do petróleo nos mercados internacionais costuma ter um impacto retardado e não completo nos preços dos combustíveis em Portugal. O valor a que se consegue comprar o petróleo nos mercados é apenas uma das componentes do preço dos combustíveis, que incorporam, para além de outros custos de produção, os impostos cobrados pelo Estado.