Tomás Correia vence eleição com mais de 40% dos votos
Pela primeira vez, no Montepio, o processo eleitoral acaba sem que o presidente tenha a maioria absoluta.
António Tomás Correia voltou, pela quarta vez, a ganhar a eleição para presidir à Associação Mutualista Montepio Geral no próximo triénio, de 2019 a 2021, com 43,2% dos cerca de 43.200 votos declarados elegíveis para efeitos de contagem (o que exclui 3.585 boletins considerados inválidos).
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
António Tomás Correia voltou, pela quarta vez, a ganhar a eleição para presidir à Associação Mutualista Montepio Geral no próximo triénio, de 2019 a 2021, com 43,2% dos cerca de 43.200 votos declarados elegíveis para efeitos de contagem (o que exclui 3.585 boletins considerados inválidos).
Tomás Correia, que esta sexta-feira celebrou o seu 73º aniversário, conquistou 18.051 votos, nas eleições que já são consideradas as mais renhidas de sempre no Montepio. Já os dois candidatos que foram a jogo, garantiram mais 56,8% dos votos: António Godinho (lista C), ficou em segundo lugar com 15.133 votos, 36,3%, e Fernando Ribeiro Mendes (lista B) ficou com o terceiro posto, com 8.557 votos, cerca de 20,5%.
Pela primeira vez numa eleição de um presidente do Montepio, Tomás Correia é eleito sem maioria absoluta.
Dos actuais 615 mil associados, o universo de votantes do Montepio é apenas de 480 mil. De fora ficaram os associados menores de idade, os com menos de dois anos de antiguidade e os que não têm as quotas em dia.
A lista A para o Conselho Geral, encabeçada por Maria de Belém, venceu com 18.060 votos; a lista C, que tinha à frente Alípio Dias, ficou com 15.051; e a lista B, de João Costa Pinto, com 8445.
Há um primeiro balanço a fazer dos números publicados. A afluência à votação, por correio ou presencialmente, foi a menor dos últimos anos: 47.008 votos recepcionados. Mas apenas cerca de 43 mil foram reconhecidos como legítimos. Ou seja, menos de 10 mil do que os votos apurados nas eleições de 2015.
Há três anos as eleições mobilizaram 56.893 associados, mas apenas foram validados 52.780 votos. Em 2012 a participação chegou aos 84.675 associados, tendo sido reconhecidos como legítimos 74.857 votos.
Tal como agora, Tomás Correia ganhou as duas eleições: em 2012, recebeu 55.965 votos, e em 2015, 31.001 votos. Em 2012 a oposição a Tomás Correia foi apoiada por 18.892 associados, e em 2015, por 21.775 associados.
O processo eleitoral de 2018 começou há cerca de um mês, com o envio dos boletins de voto por correio. O total de votos por correspondência foi de 45.423, tendo sido considerados para efeitos de contagem 41.862 votos. Esta sexta-feira, foi o dia da votação presencial, em urna aberta na sede do Montepio, em Lisboa, que contou com a participação de 1585 associados, tendo sido anulados 25 votos.
Ontem, em declarações ao PÚBLICO, um apoiante de Tomás Correia, pediu anonimato para opinar: “Dada a campanha orquestrada de ataques constantes contra ele foi uma boa noticia ter ganho”.
Um dos apoiantes do vencedor destas eleições é o ex-dirigente da SAD do Sporting, Sousa Cintra, que esta sexta-feira se deslocou à sede do Montepio para almoçar no local com o aniversariante Tomás Correia. À entrada do edifício, e perante os jornalistas, considerou “desagradável” o “ruído” que “ultimamente” tem havido em torno do Montepio “uma instituição importantíssima, que presta um grande serviço aos que mais precisam. Tem de haver mais contenção e respeito, a instituição merece.”
Ribeiro Mendes e António Godinho alertaram para as “irregularidades” no processo eleitoral, à semelhança de anos anteriores. Os dois colocaram em dúvida, ao longo da campanha eleitoral, a idoneidade de Tomás Correia, para poder voltar a exercer o cargo de presidente da maior entidade da economia social. Em causa estão, nomeadamente, as acusações do BdP por infracções graves, cometidas na qualidade de presidente da CEMG, o banco que é o principal activo do Montepio, chefiado por Tomás Correia entre 2008 e 2015 (período em que a gestão da Associação e a do banco era partilhada).
Os dois recordaram ainda que Tomás Correia é visado em processos-crime abertos no Ministério Público, que já o constituiu arguido, por suspeita de movimentos financeiros irregulares relacionados com financiamentos a um fundo imobiliários de dois clientes construtores: José Guilherme e Jorge Silvério.