Acusado de fazer piadas homofóbicas, Kevin Hart já não vai apresentar os Óscares

O humorista tinha considerado o convite “a oportunidade de uma vida”. Pediu desculpa à comunidade LGBT+ pelos comentários considerados homofóbicos, mas disse à Academia que não queria estar constantemente a voltar ao que disse há mais de oito anos.

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O comediante Kevin Hart Mario Anzuoni/REUTERS

Três dias depois de o comediante Kevin Hart ter sido escolhido para apresentar a 91.ª edição dos Óscares da Academia de Hollywood, que acontecerá a 25 de Fevereiro de 2019, o norte-americano anunciou nesta sexta-feira que já não o irá fazer. Em causa está uma série de tweets publicados entre 2009 e 2011 com piadas e comentários que têm sido considerados homofóbicos. Não se sabe ainda quem apresentará a cerimónia.

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Três dias depois de o comediante Kevin Hart ter sido escolhido para apresentar a 91.ª edição dos Óscares da Academia de Hollywood, que acontecerá a 25 de Fevereiro de 2019, o norte-americano anunciou nesta sexta-feira que já não o irá fazer. Em causa está uma série de tweets publicados entre 2009 e 2011 com piadas e comentários que têm sido considerados homofóbicos. Não se sabe ainda quem apresentará a cerimónia.

“Recebi uma chamada da Academia em que me pediam para pedir desculpa pelos tweets ou então teriam de encontrar um novo apresentador. Escolhi passar e não fazer o pedido de desculpas. E a razão pelo qual não o faço é porque já falei nisto várias vezes, não é a primeira vez que isto acontece, já apontei o que estava certo e errado, já esclareci quem eu sou agora em comparação com quem fui outrora. Já o fiz. Não continuarei a ir ao passado”, explicou Kevin Hart no Instagram.

Mais tarde, no Twitter, Hart esclareceu que não quer ser uma “distracção” na noite que deve ser celebrada pelos artistas – e pediu “sinceras desculpas” à comunidade LGBT+ pelas “palavras insensíveis” que proferiu no passado. Numa das publicações do Twitter datadas de 2011, Hart refere que se o seu filho chegasse a casa e quisesse brincar com uma casa de bonecas, partir-lhe-ia o brinquedo e dir-lhe-ia para parar porque era gay.

Ainda assim, diz sentir-se grato pelo convite inicial – que tinha dito anteriormente ser “a oportunidade de uma vida”. Antes de confirmar que não iria apresentar a cerimónia, Kevin Hart publicara um outro vídeo no Instagram em que garantia que agora com quase 40 anos tinha aprendido e amadurecido. “Esforço-me todos os dias para espalhar optimismo todos os dias”.

Um caso similar aconteceu em 2011: o comediante Eddie Murphy desistiu de apresentar a cerimónia de 2012 em solidariedade com o realizador Brett Ratner que fora obrigado a afastar-se da produção da cerimónia um dia antes por ter proferido um insulto homofóbico. Como tinha sido o produtor a convidá-lo, Murphy decidiu abandonar o projecto. Em 2017, na altura em que eclodiu o movimento de denúncia #MeToo, Brett Ratner foi acusado pela actriz canadiana Ellen Page de se ter comportado de forma “homofóbica e abusiva” consigo.

Kevin Hart seguir-se-ia ao anfitrião Jimmy Kimmel (nos dois anos anteriores), a Chris Rock (2005 e 2016), Neil Patrick Harris (2015), Ellen DeGeneres (2007 e 2014), Seth MacFarlane (2013), Billy Crystal (2012 e oito outras vezes), à dupla Anne Hathaway e James Franco (2011) e a Alec Baldwin (2010).

Hart teria sido um dos poucos apresentadores negros no historial dos Óscares, que conta até agora com Chris Rock, Whoopi Goldberg e Sammy David Jr. Em 2015, a ausência de figuras não brancas na cerimónia levou à criação da hashtag #OscarsSoWhite (“Óscares tão brancos”), que pedia mais diversidade não só na gala mas também na indústria cinematográfica.

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Mario Anzuoni/REUTERS