Detenção da administradora financeira da Huawei ameaça tréguas dos EUA com a China

O incumprimento das sanções impostas pelos Estados Unidos ao Irão pode estar na origem da detenção, e pode pôr em causa as tréguas estabelecidas entre as duas maiores economias do mundo. China pede libertação imediata da filha do fundador da Huawei.

Foto
A Huawei pode estar a ser investigada por ter violado as sanções impostas pelos Estados Unidos ao Irão Hannibal Hanschke

A administradora financeira (CFO) global da empresa tecnológica Huawei, Meng Wanzhou, foi detida no dia 1 de Dezembro pelas autoridades canadianas, mas só agora se soube da detenção. A detenção ocorreu no sábado, depois de Washington ter pedido a sua extradição por supostamente ter violado as sanções impostas pelas autoridades norte-americanas contra o Irão.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A administradora financeira (CFO) global da empresa tecnológica Huawei, Meng Wanzhou, foi detida no dia 1 de Dezembro pelas autoridades canadianas, mas só agora se soube da detenção. A detenção ocorreu no sábado, depois de Washington ter pedido a sua extradição por supostamente ter violado as sanções impostas pelas autoridades norte-americanas contra o Irão.

Wanzhou, que é também vice-presidente da administração da gigante das telecomunicações, é filha do fundador da empresa chinesa, Ren Zhengfei. A empresária de 46 anos foi detida enquanto fazia escala em Vancouver, no Canadá. 

Não são ainda conhecidos muitos pormenores sobre os motivos da detenção, que acontece num período de instabilidade nas relações comerciais entre os Estados Unidos e a China. É a imprensa norte-americana que revela que a Huawei pode estar a ser investigada por ter violado as sanções impostas pelos Estados Unidos ao Irão.

A tensão entre os dois países põe em causa os 90 dias de tréguas que procuram evitar uma guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. O entendimento entre os líderes Donald Trump e Xi Jinping – que esteve esta semana em visita oficial a Portugal – foi anunciado no domingo e dá-lhes tempo para negociar um acordo comercial sem temer novas taxas e consequentes represálias.

Em comunicado, a Huawei garantiu que sempre cumpriu a lei, incluindo as sanções impostas pelos Estados Unidos, pelas Nações Unidas e pela Europa – e explicou que Wanzhou foi detida quando trocava de voos na cidade canadiana, acreditando que se chegará a uma “conclusão justa”.

Também a Embaixada da China no Canadá divulgou nesta quinta-feira um comunicado no qual pede a libertação imediata da administradora financeira. Os representantes chineses protestaram contra as autoridades norte-americanas e canadianas e exigiram que estas corrigissem o erro imediatamente e devolvessem a liberdade a Wanzhou Meng, dizendo que detiveram uma cidadã sem ter violado a lei norte-americana ou canadiana.

"Acompanharemos de perto o desenvolvimento desta questão e tomaremos medidas para proteger resolutamente os legítimos direitos e interesses dos cidadãos chineses", pode ler-se no comunicado. Na declaração também se refere que a China "se opõe com firmeza e protesta com energia" à detenção "que prejudicou gravemente os direitos humanos da vítima".

Esta notícia pressionou as bolsas asiáticas que fecharam esta manhã no vermelho, e os títulos da Huawei afundaram 13%. As acções europeias estão em mínimos de dois anos, e Lisboa não escapa, com todos os títulos do PSI-20 baixo da linha de água. 

Já em Abril deste ano, o Wall Street Journal noticiava que a empresa chinesa estava sob investigação criminal precisamente para averiguar se tinha havido um incumprimento das sanções aplicadas ao Irão. À data, o jornal referia que a investigação poderia ser danosa para a Huawei, afectando-a não só nos Estados Unidos, onde tentava já vingar num mercado cada vez mais apertado, mas também na Europa. com Lusa