Interesse do PSD "obriga todos" a remar na mesma direcção, defende Morais Sarmento
O vice-presidente invocou, ontem no Conselho Nacional do partido, a máxima do fundador de Francisco Sá Carneiro, que primeiro está o país e só depois o PSD.
O vice-presidente social-democrata Nuno Morais Sarmento classificou o Conselho Nacional do PSD como "uma manifestação de maturidade e entusiasmo", em que a generalidade reconheceu que o interesse do partido "obriga" todos a remar na mesma direcção.
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O vice-presidente social-democrata Nuno Morais Sarmento classificou o Conselho Nacional do PSD como "uma manifestação de maturidade e entusiasmo", em que a generalidade reconheceu que o interesse do partido "obriga" todos a remar na mesma direcção.
"O Conselho Nacional tem decorrido com normalidade, com diversidade, mas com a consciência por parte de todos que, a partir deste momento, o interesse do PSD nos obriga a remarmos, colocarmos todas as nossas forças numa única direcção", afirmou, em declarações aos jornalistas a meio da reunião, que decorreu entre as 21h30 de terça-feira e terminou já perto das 2h desta quarta-feira, em Setúbal.
Para o vice-presidente social-democrata, a realidade da reunião "é bem diferente" da que diz ler nos jornais e ver nas televisões sobre o que acontece nas reuniões internas do PSD.
Na sua intervenção inicial, em parte audível fora da sala do Conselho Nacional, o presidente do PSD, Rui Rio, defendeu que "o tempo é o melhor aliado" da sua estratégia, que passa por apontar os verdadeiros erros do Governo e construir uma alternativa credível.
Perante os conselheiros, Rui Rio admitiu que esta estratégia até poderá sofrer várias derrotas – "podemos perder à primeira, podemos perder à segunda, à terceira, à quarta, à quinta", disse –, mas manifestou-se convicto de que um dia os portugueses "perceberão a diferença entre quem age assim e quem age de forma antagónica".
Questionado se o PSD dará esse tempo a Rui Rio, Morais Sarmento salientou que o foco são as eleições do próximo ano. "É para 2019 que estamos a trabalhar e é em 2019 que queremos ganhar", disse o vice-presidente social-democrata.
Morais Sarmento salientou que, nas últimas eleições, também se atribuía a vitória ao PS, que acabou por não acontecer. Questionado se a vitória nas próximas eleições legislativas não será decisiva para a continuidade de Rui Rio, Morais Sarmento respondeu invocando a máxima do fundador de Francisco Sá Carneiro, que primeiro está o país e só depois o PSD.
"Não é no momento da nossa vitória que estamos a pensar, é na maneira de melhor garantir nas próximas eleições aos portugueses que têm uma alternativa séria e com futuro", assegurou.
Sarmento considerou mesmo que "a nota mais forte" do discurso de Rui Rio, que durou perto de uma hora, foi precisamente o compromisso de "continuar a liderar o PSD com seriedade".
"Fazendo-o com seriedade e fazendo-o pensando não nas eleições e na vitória do PSD, mas nas eleições e no futuro de Portugal, é isso que se jogará em 2019", apontou.
Tal como Rui Rio tinha feito na sua intervenção, o vice-presidente do PSD defendeu que o partido deve "ser implacável" com os erros do Governo, mas não apontar erros que não existem.
Não "guerrear" à direita
A análise da situação política acabou por dominar grande parte do Conselho Nacional, que aprovou ainda o orçamento do partido para o próximo ano por "larguíssima maioria", de acordo com conselheiros presentes na reunião.
Por se temer que já não houvesse quórum para a votação das propostas de alteração dos estatutos – que tinham passado para o fim da reunião –, esta foi novamente adiada para o próximo Conselho Nacional, que se deverá reunir dentro de três meses.
Numa reunião muito participada, foram menos os deputados presentes do que o habitual, entre eles o ex-líder parlamentar Hugo Soares, que foi uma das vozes mais críticas da anterior reunião deste órgão, ou o vice-presidente da bancada António Leitão Amaro que tinha discordado nesse encontro da estratégia seguida pela direcção do PSD sobre especulação imobiliária.
Miguel Morgado, ex-assessor político do anterior líder Passos Coelho e que tem sido crítico da actual direcção, chegou ao Conselho Nacional já depois da intervenção de Rui Rio e não interveio na reunião.
Na sua intervenção inicial, Rui Rio retomou a defesa de que o PSD terá de ganhar votos à abstenção, a que chamou "o maior partido", e não será a "guerrear" à direita e a disputar "um ou dois pontos ao CDS" que poderá vencer eleições.
Uma clara definição do espaço ideológico do PSD e uma maior transparência interna foram outros pontos abordados pelo presidente social-democrata, que reiterou a ideia de que há reformas estruturais que nenhum partido, "nem mesmo com maioria absoluta", poderá fazer.
Aos críticos internos, Rui Rio fez apenas uma breve referência no final do seu discurso, sugerindo que a estratégia da direcção passaria com mais eficácia se todos estiverem mais 'alinhados'.