Uma nova face do voluntariado

O voluntariado corporativo trata-se assim de um “novo” modo de participação na sociedade, no qual as empresas intervêm de forma directa e activa na comunidade em que se inserem.

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Comemora-se esta quarta-feira o Dia Internacional do Voluntariado. Segundo o Inquérito Piloto ao Trabalho Voluntário, realizado em 2012, cerca de 12% da população residente com 15 ou mais anos tinha feito nesse ano voluntariado ou participado em acções de voluntariado. Um número, contudo, abaixo da média da União Europeia, que se situava nos 24%.

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Comemora-se esta quarta-feira o Dia Internacional do Voluntariado. Segundo o Inquérito Piloto ao Trabalho Voluntário, realizado em 2012, cerca de 12% da população residente com 15 ou mais anos tinha feito nesse ano voluntariado ou participado em acções de voluntariado. Um número, contudo, abaixo da média da União Europeia, que se situava nos 24%.

Interessante também constatar que as maiores taxas de voluntariado se registam nos países onde as taxas de desemprego são menores… 

É desta relação entre voluntariado e trabalho que quero falar, por meio do voluntariado corporativo. Entende-se por voluntariado corporativo a disponibilização, por iniciativa do empregador ou com o apoio deste, do tempo e das competências e conhecimentos dos seus colaboradores, sem que estes percam a sua remuneração e demais benefícios.

Ora, esta forma de voluntariado traz benefícios para a empresa, para os colaboradores e para o desenvolvimento da sociedade, assumindo-se com uma ferramenta estratégica de apoio à comunidade e, de forma geral, a organizações sociais. Ainda que seja um conceito relativamente recente, são cada vez mais as empresas que assumem o voluntariado como um instrumento e uma efectivação da responsabilidade social das empresas, com o objectivo de contribuírem para um desenvolvimento global mais sustentável.

Esta forma de actuação, importa referir, não substitui profissionais, nem deve ser encarado como um acto de “caridade” da empresa, que também tem muito a aprender com as organizações e comunidades com quem contacta, mas sim como uma prática de cidadania activa, que torna os colaboradores mais conscientes do seu lugar na sociedade e da sua responsabilidade individual. 

No que toca aos colaboradores, no estudo Volunteering – The Business Case (Corporate Citizenship, 2010) foram elencadas algumas das competências que os colaboradores envolvidos em programas de voluntariado referiram que desenvolveram ao neles participar, nomeadamente, e por ordem de importância, a comunicação, a adaptação, a liderança, a resolução de problemas, o planeamento e a organização.

Existem, no entanto, alguns aspectos a ter em atenção quando olhamos para esta forma de voluntariado, e que devem ser pensados e evitados pelas empresas que o promovem, correndo-se o risco de os princípios associados ao voluntariado corporativo não serem respeitados. Falo por exemplo de quando este voluntariado é promovido fora dos horários de trabalho do colaborador ao invés de ser realizado nas horas de trabalho, ou quando o voluntariado é usado com o único fim de divulgação externa da empresa ou de branqueamento da imagem da organização, servindo também como meio de publicidade.

O voluntariado corporativo trata-se assim de um “novo” modo de participação na sociedade, no qual as empresas intervêm de forma directa e activa na comunidade em que se inserem. Urge assim o reconhecimento público desta forma de voluntariado, passando, por exemplo, pelo enquadramento jurídico do voluntariado corporativo, na própria Lei de Bases do Voluntariado.