Flynn cooperou com a investigação à trama russa e Mueller não recomenda prisão
Procurador-especial conclui que a colaboração “substancial” fornecida pelo ex-conselheiro de Segurança Nacional de Trump ao inquérito sobre as alegadas ligações entre a equipa do Presidente e o Kremlin não justifica pena de prisão.
O responsável máximo pelas investigações à interferência russa nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016 e pelas alegadas ligações entre elementos da equipa de Donald Trump e agentes ligados ao Governo russo não vai recomendar pena de prisão para o antigo conselheiro de Segurança Nacional do Presidente.
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O responsável máximo pelas investigações à interferência russa nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016 e pelas alegadas ligações entre elementos da equipa de Donald Trump e agentes ligados ao Governo russo não vai recomendar pena de prisão para o antigo conselheiro de Segurança Nacional do Presidente.
O gabinete do procurador-especial Robert Mueller divulgou na terça-feira à noite (madrugada desta quarta-feira em Portugal) um documento judicial no qual revela que Michael Flynn cooperou “substancialmente” com a investigação, pelo que vai pedir à justiça federal que não o condene ao encarceramento.
Sem revelar muitos pormenores sobre os 19 depoimentos de Flynn, por se tratar de “informação sensível sobre uma investigação em curso”, o procurador-geral sublinhou que o ex-assessor forneceu “informações em primeira mão” e “particularmente valiosas” sobre o “conteúdo e o contexto das interacções entre a equipa de transição [de Trump] e funcionários do Governo russo”, bem como relativas às supostas “ligações e coordenações entre o Governo russo e indivíduos associados à campanha presidencial de Trump”.
O documento refere ainda que Flynn colaborou com outras investigações criminais, sem revelar, no entanto, quais.
A colaboração de Michael Flynn com o inquérito liderado por Mueller surge no âmbito de uma confissão do próprio, em Dezembro de 2017, na qual assumiu ter mentido ao FBI sobre os seus contactos com dirigentes russos, nomeadamente sobre conversas que teve no ano anterior com o embaixador russo nos Estados Unidos Sergei Kisliak.
Mentir ao FBI pode levar a uma pena de prisão até cinco anos, mas nos termos do acordo com Mueller, Flynn passou a estar sujeito a detenção entre os zero e os seis meses. A sentença será conhecida no dia 18 deste mês.
Pouco depois de divulgado o documento assinado por Robert Mueller, o filho de Flynn publicou uma mensagem no Twitter a “agradecer o apoio de todos o que apoiaram” o seu pai e a família “durante todo este processo”. “Deus é bom”, celebrou Michael Flynn Jr.
Nomeado conselheiro para a Segurança Nacional da Administração Trump, o general na reforma exerceu o cargo durante menos de um mês. Em Fevereiro do ano passado foi obrigado a demitir-se por ter supostamente ter mentido ao vice-presidente Mike Pence sobre os contactos com Kisliak – com o embaixador terá discutido as sanções do ex-Presidente Barack Obama a diplomatas russos e uma votação no Conselho de Segurança das Nações Unidos sobre os colonatos israelitas em território palestiniano.
Flynn não é, porém, o único membro ou antigo membro da equipa de Trump envolvido na mega-investigação de Mueller – catalogada pelo Presidente como a “maior caça às bruxas da História da política americana”.
Pelo menos seis pessoas muito próximas de Trump, ou que estiveram directamente envolvidas na campanha de 2016, foram acusadas de diversos crimes e estão a colaborar com o procurador-geral para tentar reduzir as respectivas penas.
Entre elas destacam-se o antigo director de campanha Paul Manafort, o seu adjunto Rick Gates, o ex-conselheiro de política externa na campanha George Papadopoulos e o ex-advogado pessoal de Trump Michael Cohen – que recentemente admitiu ter mentido ao Congresso dos EUA sobre os planos para a construção de uma Trump Tower em Moscovo.