“Problemas crónicos” podem fechar o Stop? “Calma”, pedem administração e autarquia

Câmara do Porto fala em problemas com licenciamentos e condições de segurança. Administração do Centro Comercial Stop diz não ter dinheiro para obras de fundo. Músicos estão preocupados e vão reunir-se em breve.

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Paulo Pimenta

O burburinho nasceu de uma “convocatória” para todos os “músicos, inquilinos e amigos do Centro Comercial Stop”, no Porto. Um papel afixado numa das portas da Rua do Heroísmo e rapidamente partilhado nas redes sociais lançava a dúvida: "por incumprimento das normas de segurança", o Stop está em risco de fechar?

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O burburinho nasceu de uma “convocatória” para todos os “músicos, inquilinos e amigos do Centro Comercial Stop”, no Porto. Um papel afixado numa das portas da Rua do Heroísmo e rapidamente partilhado nas redes sociais lançava a dúvida: "por incumprimento das normas de segurança", o Stop está em risco de fechar?

O boato tinha razões de ser, mas era resultado de “problemas crónicos, com muitos anos” a ganhar actualidade. O imbróglio é grande e os “500 a 600” artistas que gravitam à volta do Stop estão preocupados com o futuro da improvisada sala de espectáculos do Porto Oriental. Por isso, na próxima segunda-feira, 10 de Dezembro, às 21h30, vão encontrar-se no Café Vitamena e tentar chegar a uma “plataforma de entendimento” entre eles, contou Carlos Costa Alves, um dos músicos envolvidos na convocatória. 

Questionada pelo P3, a Câmara Municipal do Porto (CMP) admite “problemas relacionados com licenciamentos e com as condições de segurança e de cumprimento de normas legais” para os quais têm sido estudadas “várias soluções”. Algumas, dizem, foram até postas em prática. Outras, pelo carácter especial do projecto que a autarquia diz ter em consideração, “nem sempre foram bem acolhidas pelos promotores”, uma vez que “a excessiva formalização daquela actividade pode, efectivamente, prejudicá-la.”

Carlos Freire, administrador do Stop, fala também de um problema com “muito tempo”. Os licenciamentos foram dados a “apenas 12% das lojas” e as questões de segurança têm origem, em parte, no facto de se tratar de um edifício antigo: “É muito difícil cumprir todas as normas”, admitiu, garantindo que o risco de incêndio — houve dois, em 2012 e 2013 — estará driblado com as intervenções produzidas.

Ao lado do antigo centro comercial, com 107 salas ocupadas, está um terreno sem uso onde Carlos Freire imagina que possa nascer um projecto imobiliário. Há quatro anos, a saída de emergência que dava para esse lugar foi tapada. E até hoje não se resolveu esse problema.

Em Outubro, a Associação Nacional de Protecção Civil fez chegar à administração do Stop, inaugurado nos anos 1980, um “ofício” que exigia a realização de obras. Mas a administração já comunicou não ter meios financeiros para realizar todas as intervenções pedidas.

O diálogo entre artistas e administração é escasso. E as versões dos factos algo dissonantes. Se a administração fala de várias intervenções para melhorar o espaço, Carlos Costa Alves diz que as obras feitas até hoje não passaram de “remendos”. “A Câmara do Porto já podia ter encerrado o Stop. Fecham um pouco os olhos por ser este projecto. Mas quem frequenta o espaço sabe bem da degradação do edifício”, afirma. 

A CMP garante não baixar os braços e “continuar a tentar encontrar uma solução” que equilibre a balança, satisfazendo “o desejo dos promotores, não descaracterizando a sua actividade que importa ser protegida e acarinhada mas, simultaneamente, conformá-la com a legislação vigente”. Da parte da administração, diz Carlos Freire, “tudo se fará” para resolver o problema. O Stop vai fechar? “Calma, não é bem assim.”