Mais de 300 alunos da António Arroio comem no chão em protesto frente ao Parlamento

Alunos queixam-se da falta de infra-estruturas na escola, onde as obras pararam há seis anos. Não têm refeitório, biblioteca, auditório nem ateliers para trabalhar.

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Obras pararam em 2012 quando o empreiteiro rompeu o contrato pedro maia

Mais de 300 alunos e professores da Escola Secundária António Arroio, em Lisboa, concentraram-se esta sexta-feira em frente à Assembleia da República em protesto por o estabelecimento de ensino estar degradado e sem condições, e as obras previstas estarem paradas.

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Mais de 300 alunos e professores da Escola Secundária António Arroio, em Lisboa, concentraram-se esta sexta-feira em frente à Assembleia da República em protesto por o estabelecimento de ensino estar degradado e sem condições, e as obras previstas estarem paradas.

Para demonstrar a falta de condições da escola, em Lisboa, os alunos almoçaram sentados no chão, em frente à escadaria principal do Parlamento.

Os alunos da escola artística gritaram palavras de ordem como "Assembleia egoísta é a morte do artista", "comemos no chão graças à corrupção" ou "Arroio unida jamais será vencida".

Segundo a associação de estudantes, existem apenas sete microondas para cerca de 1.300 alunos e não há um refeitório onde consigam sentar-se para comer. Por isso, acabam "por comer na rua" e muitas vezes nem aquecem o almoço que levam de casa porque "as filas são de 40 minutos" para usar os microondas, quando têm uma hora de almoço, contaram os alunos.

Xavier Lousada, aluno do 12.º ano e presidente da Associação de Estudantes da Escola Secundária António Arroio, afirmou à Lusa que houve a necessidade de protestar "porque existem muitos problemas que estão relacionados com as obras", que "começaram há oito anos, mas estão paradas há seis".

"Há entulho, material das obras que está a apodrecer à volta da escola e está a chamar bicharada, há ratos nas oficinas de gravura, os aquecedores não funcionam, o edifício principal está com a estrutura mal feita, foi acabada à pressa, e no ginásio, com as infiltrações da água, rebentou o tecto", referiu o aluno.

O presidente da associação de estudantes precisou que "não há refeitório, o que há é um contentorzinho com um bar que vende aos alunos umas caixinhas com comida". Segundo Xavier Lousada, não é apenas o refeitório que faz falta na escola.

"Não temos biblioteca, não temos ateliês para trabalhar, não temos um auditório", elencou, acrescentando que estes equipamentos funcionam actualmente em "salas improvisadas".

Por tudo isto, os alunos dizem estar "fartos de não receber respostas concretas". "No início dos anos dizem sempre que as obras vão começar, mas nunca começam. Ou libertam a verba e a verba depois desaparece, ou existe um empreiteiro, mas o empreiteiro desaparece [...]. É muita coisa", referiu o estudante.

Além das palavras de ordem entoadas, os alunos exibiram cartazes em que se lia "obras já" (com a letra 'o' feita com um prato, um garfo e uma faca), "1.300 alunos, sete microondas", "não vamos calar até a obra acabar", "não vamos ficar calados", "mãos à obra" e "não vamos parar".

Uma das alunas exibia um cartaz a referir estar "farta de calos no rabo" por ter de comer sentada no chão, pedindo por isso o "refeitório já, sff [se faz favor]".

Rute Garcia foi uma das professoras que se juntaram ao protesto organizado pelos estudantes. À Lusa, a docente do 10.º ano falou numa "realidade que afecta toda a comunidade escolar". "É um problema que toca a todos e por isso estamos todos solidários", acrescentou.

Também a deputada Rita Rato, do PCP, marcou presença na acção, apontando que os comunistas estão solidários com a "luta dos estudantes pela conclusão das obras na Escola António Arroio, uma luta que quase que já tem uma década".

A deputada considerou estar em causa "o funcionamento normal da escola", que "continua a funcionar sem refeitório" e "não garante condições mínimas", numa situação que a seu ver é "inaceitável".

Lembrando que, "já por proposta do PCP, foi aprovada a importância da conclusão das obras", Rita Rato salientou que "não é por falta de proposta" que as obras não se concluem, mas sim "por falta de vontade política e agilização de processos".