Médicos denunciam "piquetes de greve" à entrada dos blocos operatórios que fazem adiar cirurgias

Cerca de 3000 cirurgias programadas foram adiadas por causa da greve dos enfermeiros, diz sindicato.

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PAULO NOVAIS/LUSA

O Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos denunciou nesta quinta-feira a existência de "piquetes de greve" de enfermeiros à entrada dos blocos operatórios para "atrasar, obstaculizar ou adiar" as cirurgias que não cumprem o critério de serviços mínimos.

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O Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos denunciou nesta quinta-feira a existência de "piquetes de greve" de enfermeiros à entrada dos blocos operatórios para "atrasar, obstaculizar ou adiar" as cirurgias que não cumprem o critério de serviços mínimos.

"A Ordem dos Médicos reconhece o direito à greve dos enfermeiros e isso é inalienável dos direitos que têm de reclamar contra as condições de trabalho ou outras quaisquer reivindicações, mas vê com muita preocupação a existência de piquetes de greve à entrada dos blocos operatórios, pondo em causa a indicação clínica de urgência dos doentes", disse à Lusa o presidente do Conselho Regional, António Araújo.

Cerca de 3000 cirurgias programadas adiadas e blocos operatórios a trabalhar em serviços mínimos é o balanço da primeira semana da greve cirúrgica dos enfermeiros que termina no final do ano, disse à Lusa uma fonte sindical. "Neste momento temos uma média de 500 cirurgias programadas por dia que estão a ser adiadas e temos todos os blocos a trabalhar praticamente em serviços mínimos", sendo "muitos pontuais as salas que estão a trabalhar com não grevistas", adiantou Lúcia Leite, presidente da Associação Sindical Portuguesa de Enfermeiros (ASPE), que convocou a greve juntamente com o Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor).

António Araújo afirmou que esses "piquetes de greve" têm estado concentrados à entrada dos blocos operatórios para verificar se os doentes cumprem a indicação de serviços mínimos e, se não cumprem, "atrasam, obstaculizam ou não os deixam entrar".

Os enfermeiros "esquecem-se" que há outras situações graves, que não integram os critérios de serviços mínimos, que põem em causa a vida e a saúde imediata dos doentes, logo têm de ser atendidas, ressalvou.

O presidente do Conselho Regional adiantou que tem recebido "múltiplas denúncias" por parte de doentes e familiares de situações que têm acontecido em "muitos" hospitais do país.

Além desta questão, António Araújo referiu que os piquetes são compostos por enfermeiros das instituições mas também de fora delas, o que põe em causa a informação pessoal do doente e a sua confidencialidade.

António Araújo disse que é necessário repor a legalidade porque quem tem de dar a indicação de urgência ou não urgência da situação clínica dos doentes é o cirurgião e não os enfermeiros.

A greve está a decorrer nos centros hospitalares universitários de S. João (Porto), do Porto, de Coimbra e de Lisboa Norte, assim como no Centro Hospitalar de Setúbal.

Foi convocada pela Associação Sindical Portuguesa de Enfermeiros (ASPE) e pelo Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor), embora inicialmente o protesto tenha partido de um movimento de enfermeiros que lançou um fundo aberto ao público que recolheu mais de 360 mil euros para compensar os colegas que aderirem à paralisação.