“Sinal de alerta”: drogas e suicídios fazem cair esperança média de vida nos EUA
Mortes por overdose de opióides sintéticos aumentaram 45% e a taxa de suicídio é a mais alta das últimas décadas.
A esperança média de vida dos norte-americanos está em queda, alerta um estudo dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (Centers for Disease Control and Prevention, CDC), nos Estados Unidos. Segundo o relatório, a descida da esperança média de vida está directamente relacionada com o aumento de suicídios e da morte por overdose.
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A esperança média de vida dos norte-americanos está em queda, alerta um estudo dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (Centers for Disease Control and Prevention, CDC), nos Estados Unidos. Segundo o relatório, a descida da esperança média de vida está directamente relacionada com o aumento de suicídios e da morte por overdose.
O estudo afirma que morreram mais 70 mil norte-americanos em 2017 do que no ano anterior, com um aumento significativo entre indivíduos dos 25 aos 44 anos.
Estes números significam que só no ano passado morreram mais americanos do que tinham morrido desde que o governo começou a contabilizar os óbitos nacionais, há mais de um século.
Os dados reflectem o aumento generalizado da população envelhecida de todo o país, mas as mortes em grupos etários mais jovens, particularmente em cidadãos de meia-idade, tiveram um impacto maior no cálculo da taxa de esperança média de vida, diz o relatório.
Em 2017, um americano vive em média 78 anos e seis meses, quase uma década a menos do que a taxa de esperança média de vida mais alta do mundo. É uma descida de 0,1 anos em relação a 2016.
O relatório divulgado esta quinta-feira revela que as mortes por overdose de opióides sintéticos aumentaram em média 45% em todo o país e a taxa de suicídio é a mais alta das últimas décadas.
“A expectativa de vida dá-nos uma visão geral da saúde do país e os resultados deste estudo são preocupantes e um sinal de alerta de que estamos a perder muitos americanos cedo demais e com demasiada frequência, com causas de morte que são evitáveis”, disse o director dos CDC, Robert Redfield, em comunicado.
Entre as causas principais de morte estão doenças cardíacas, cancro, acidente vascular cerebral (AVC), diabetes e suicídio, as mesmas que em 2016.
Mortes por overdose aumentam 16% ao ano
Enquanto os Estados Unidos tentam lidar com a crise de opiáceos, a morte por overdose aumenta, em média, 16% ao ano desde 2014. Só no ano passado, as drogas foram responsáveis pela morte de mais de 70 mil norte-americanos, quase 10% mais que em 2016 e com uma taxa significativamente maior entre homens.
No topo da lista de estados que registaram mais mortes por uso excessivo de droga estão Virgínia, Ohio, Pensilvânia e Washington.
O estudo mostrou também que o suicídio se tornou a segunda principal causa de morte entre cidadãos dos dez aos 34 anos de idade em 2016, com taxas a aumentar 33% entre 1999 e 2017.
Em declarações à BBC, Jerry Reed, da National Action Alliance for Suicide Prevention, disse que “o suicídio nem sempre é uma questão de saúde mental, uma vez que a descida das condições económicas e de vida pode colocar as pessoas em posições de risco. É necessário intervir nos casos de saúde mental, mas também nos de saúde pública”.
O relatório concluiu também que as mulheres continuam a viver mais do que os homens, mas a taxa de mortalidade aumentou entre o grupo etário dos 45 aos 54 anos. Entre 2016 e 2017, a taxa de mortalidade também diminuiu entre mulheres negras, sem mudanças significativas entre homens negros e hispano-americanos.
Actualmente, o Mónaco e o Japão possuem as taxas mais altas de esperança média de vida no mundo, com os cidadãos a viver 89 e 85 anos, respectivamente.