"Coletes amarelos" reuniram-se pela primeira vez com o Governo mas ficou tudo na mesma
Representantes dos "coletes amarelos" encontraram-se com o ministro da Transição Ecológica, mas querem mais e mantêm o protesto marcado para sábado. Primeiro-ministro disponibilizou-se para dialogar mas garante que o aumento do preço dos combustíveis vai mesmo acontecer.
O ministro da Transição Ecológica francês, François de Rugy, recebeu uma delegação do movimento dos “coletes amarelos” depois do Presidente, François Macron, se ter mostrado disponível para dialogar de forma a acalmar a forte contestação contra o aumento dos impostos sobre os combustíveis. No entanto, o Governo pouco cedeu e os manifestantes dizem que vão voltar às ruas no sábado.
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O ministro da Transição Ecológica francês, François de Rugy, recebeu uma delegação do movimento dos “coletes amarelos” depois do Presidente, François Macron, se ter mostrado disponível para dialogar de forma a acalmar a forte contestação contra o aumento dos impostos sobre os combustíveis. No entanto, o Governo pouco cedeu e os manifestantes dizem que vão voltar às ruas no sábado.
Eric Droue e Priscillia Ludosky, dois dos oito porta-vozes nomeados pelos “coletes amarelos”, disseram, após o encontro de terça-feira à noite com François de Rugy, que querem continuar o diálogo mas “a um nível superior do Governo”, nomeadamente, com “um porta-voz do primeiro-ministro, ou com o próprio primeiro-ministro”.
Por sua vez, o ministro da Transição Ecológica mostrou-se disponível para mais reuniões a nível regional mas esclareceu que as propostas dos “coletes amarelos” foram para além da transição ecológica: “Padrão de vida, poder de compra, nível de impostos, democracia”, foram alguns dos temas postos em cima da mesa pelos representantes do movimento, segundo revelou o governante.
Este foi o primeiro contacto directo que os “coletes amarelos” tiveram com um membro do Governo. No fim-de-semana, o movimento organizou protestos que se estenderam a toda a França, mas com especial incidência em Paris, onde se registaram violentos confrontos com as autoridades.
Na terça-feira, no Palácio do Eliseu, Macron abriu uma porta ao diálogo mas pouco cedeu relativamente às reivindicações dos manifestantes. A única coisa que prometeu rever foi os preços dos combustíveis a cada três meses, de forma a adaptá-los à variação do preço do petróleo.
Exigências legítimas
Depois da reunião com Fraçois de Rugy, os representantes dos “coletes amarelos” afirmaram não ter observado “nenhum desejo real para melhorar a vida das pessoas” por parte do Governo, afirmando que o discurso de Macron foi “muito vago”.
Dessa forma, a manifestação anteriormente marcada para sábado nos Campos Elísios, em Paris, mantém-se. Aliás, a intenção dos “coletes amarelos” é saírem à rua todos os sábados até que as suas exigências sejam cumpridas. Até lá, o pedido é claro: a demissão de Macron.
Depois da intervenção do Presidente, o primeiro-ministro, Édouard Philippe, deu uma entrevista ao canal BFMTV onde repetiu o discurso de Macron: sim, os impostos sobre os combustíveis vão aumentar a partir de dia 1 de Janeiro, mas a porta do diálogo está aberta. Os preços dos combustíveis vão ser revistos trimestralmente, ainda que não tenha sido detalhada de que forma isso vai ser feito.
"Se durante o ano houver um aumento do preço da matéria-prima, então podemos voltar aos níveis da taxa que foi fixada para o dia 1 de Janeiro", explicou Phillipe, acrescentando que está disponível para receber uma delegação dos “coletes amarelos”. “No que eles formulam, há muitas coisas legítimas que precisam de ser ouvidas”, admitiu.