Margaret Atwood está a escrever uma sequela de The Handmaid’s Tale e a culpa é da América de hoje
Livro de culto que se tornou símbolo da resistência feminina no século XXI vai ter sequela 34 anos depois. A autora canadiana diz que “a inspiração é o mundo em que temos estado a viver”. The Testaments é editado em Setembro.
Uma sequela, mais de 30 anos depois. Um livro que voltará à República de Gilead, o asfixiante e totalitário regime puritano numa América que Margaret Atwood sempre disse ser “ficção especulativa” e não uma distopia ou ficção científica, uma sequela de A História de uma Serva (The Handmaid’s Tale) para reflectir sobre a América actual. The Testaments, anunciou esta quarta-feira a autora canadiana, é o seu título e será publicado em todo o mundo em Setembro de 2019.
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Uma sequela, mais de 30 anos depois. Um livro que voltará à República de Gilead, o asfixiante e totalitário regime puritano numa América que Margaret Atwood sempre disse ser “ficção especulativa” e não uma distopia ou ficção científica, uma sequela de A História de uma Serva (The Handmaid’s Tale) para reflectir sobre a América actual. The Testaments, anunciou esta quarta-feira a autora canadiana, é o seu título e será publicado em todo o mundo em Setembro de 2019.
“Queridos leitores: tudo o que alguma vez me perguntaram sobre Gliead e os seus meandros é a inspiração para este livro. Bom, quase tudo! A outra [fonte de] inspiração é o mundo em que temos estado a viver”, escreveu a autora, que há semanas esteve no Porto para participar no Fórum do Futuro. Sem mencionar o Presidente Donald Trump, o comunicado de imprensa contextualiza que a obra original se tornou “num símbolo do movimento contra ele, representando o empoderamento feminino e a resistência face à misoginia e ao recrudescer dos direitos das mulheres em todo o mundo”.
A escritora assinou uma das suas obras emblemáticas – é uma autora prolífica, com dezenas de obras, da poesia ao conto, publicadas – em 1985, sublinhando o seu traço autoral preocupado com o futuro, com a evolução, mas sobretudo com o ambiente e com a situação das mulheres. Um sucesso de vendas na época, recebeu prémios como o Arthur C. Clarke Award em 1987 e foi nomeado para o Nebula e para o Booker em 1986. A sua narrativa constrita e a iconografia das personagens tornaram-na atreita a adaptações várias, desde um filme de Volker Schlöndorff, a uma ópera, mas a série que o serviço de streaming Hulu lançou em 2017, em pleno início da presidência Trump na América, expandiu inegavelmente o seu alcance. Nos últimos dois anos, só nos EUA vendeu mais três milhões de exemplares.
Vencedora histórica do mais importante prémio de televisão para um serviço de streaming, fez parte da narrativa mediática do ano, mas também se tornou símbolo de resistência de género - as Handmaids, com as suas toucas restritivas e capas escarlates, estão nas manifestações em vários países sobre direitos reprodutivos ou assédio sexual.
Este ano, a série regressou para uma nova temporada, que ultrapassa, com consultoria de Atwood, a história de Offred incluída no romance. A editora já esclareceu que, apesar de ser mais um caso em que a ficção televisiva ultrapassa ou constrói sobre a escrita, “The Testaments não está ligado à adaptação televisiva de The Handmaid’s Tale”.
The Testaments vai ser narrado por três vozes femininas e passar-se-á 15 anos depois dos acontecimentos do livro que em Portugal já teve dois títulos — Crónica de uma Serva (Europa-América, 1988) e A História de uma Serva (Bertrand, 2013). Será lançado dentro de um ano, a 10 de Setembro de 2019, e já está disponível em pré-venda nas livrarias online.