Cientista chinês que modificou gémeas geneticamente anuncia mais uma gravidez
He Jiankui foi criticado por parte da comunidade científica que considerou a experiência “monstruosa”. O cientista defendeu o seu trabalho e revelou que poderá existir mais um bebé geneticamente modificado a caminho.
O cientista chinês que alega ter criado os primeiros bebés geneticamente manipulados no mundo defendeu o seu trabalho e revelou que existe “outra potencial gravidez” de um embrião geneticamente modificado, mas estará ainda numa fase muito preliminar, cita a agência Reuters. Numa conferência de especialistas em Hong Kong, He Jiankui vincou que está orgulhoso do seu trabalho, apesar das críticas da comunidade científica.
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O cientista chinês que alega ter criado os primeiros bebés geneticamente manipulados no mundo defendeu o seu trabalho e revelou que existe “outra potencial gravidez” de um embrião geneticamente modificado, mas estará ainda numa fase muito preliminar, cita a agência Reuters. Numa conferência de especialistas em Hong Kong, He Jiankui vincou que está orgulhoso do seu trabalho, apesar das críticas da comunidade científica.
No início desta semana, He Jiankui afirmou ter alterado os embriões de sete casais durante tratamentos de fertilidade, com uma das gravidezes a ser bem sucedida. A modificação genética terá sido feita em duas meninas gémeas cujo ADN o cientista diz ter alterado através de uma técnica chamada “CRISPR/Cas9”. Neste caso, o objectivo não é curar ou prevenir uma doença hereditária, mas tentar criar uma capacidade de resistência a uma possível infecção futura pelo VIH. O anúncio não foi bem recebido e a experiência foi considerada antiética e “monstruosa” por alguns dos seus pares.
Entre as vozes críticas está a Sociedade Chinesa de Biologia Celular, que condenou veementemente qualquer pedido de edição de genes em embriões humanos para fins reprodutivos e declarou que essa prática viola a lei e a ética médica do país.
A Universidade de Ciência e Tecnologia do Sul da China, em Shenzen — onde a investigação e experiência terão sido desenvolvidas —, declarou que não estava a par do trabalho do cientista e afirmou que iria avançar com uma investigação ao caso.
A Segunda Cimeira sobre Edição do Genoma Humano, que teve lugar na Universidade de Hong Kong, contou com uma plateia de 700 cientistas, entre os quais o Nobel da Medicina David Baltimore, vencedor do prémio em 1975.
Esta quarta-feira, nas suas primeiras declarações após a revelação do seu trabalho, He Jiankui disse também que, inicialmente, a investigação foi financiada com o seu dinheiro. Revelou ainda que submeteu a investigação a uma revista científica, sem identificar a publicação.
O cientista sublinhou que as duas gémeas, Lulu e Nana, “nasceram saudáveis e felizes”. He Jiankui referiu ainda que era contra o “melhoramento genético”, mas que “estas pessoas precisam de ajuda”, acrescentando: “Temos a tecnologia para isso.”
“Sinto-me orgulhoso. Sinto-me orgulhoso, porque o pai [das gémeas] já tinha perdido a esperança. Não se trata de ‘desenhar bebés’, só uma criança saudável.”
He Jiankui insistiu que o objectivo da sua investigação não é criar um bebé “mais inteligente, mudar a cor dos olhos ou a aparência” e que se trata apenas de “talvez a única forma de curar uma doença”.