Trump ameaça aumentar taxas de todos os produtos chineses

Presidente norte-americano mantém estratégia negocial agressiva nas vésperas de encontro com Xi Jinping para discutir confronto comercial entre os dois países.

Foto
Donald Trump com Xi Jinping Reuters/CARLOS BARRIA

A poucos dias do início do encontro do G20 em Buenos Aires e das reuniões bilaterais que irá realizar com o seu homólogo chinês, o presidente norte-americano não deu, em entrevista ao The Wall Street Journal, quaisquer sinais de estar disposto a ceder no confronto comercial que iniciou contra a China.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A poucos dias do início do encontro do G20 em Buenos Aires e das reuniões bilaterais que irá realizar com o seu homólogo chinês, o presidente norte-americano não deu, em entrevista ao The Wall Street Journal, quaisquer sinais de estar disposto a ceder no confronto comercial que iniciou contra a China.

Dando sequência à estratégia de ataque que tem vindo a seguir também com diversos outros países, Donald Trump reiterou a intenção de avançar com a aplicação prática dos agravamentos de taxas alfandegárias já anunciadas e deixou a porta aberta para a possibilidade de anunciar ainda taxas adicionais, no caso de não se conseguir concluir um acordo entre os dois países.

Na entrevista ao The Wall Street Journal, o presidente norte-americano disse ser “altamente improvável” que a Casa Branca venha a aceitar o pedido de Pequim de uma suspensão dos agravamentos de 10% para 25% das taxas alfandegárias de 200 mil milhões de dólares de produtos chineses, uma medida anunciada e que está prevista entrar em vigor a partir de 1 de Janeiro de 2019. A suspensão desta medida é, para as autoridades chinesas, um ponto fundamental do encontro que se irá realizar este fim-de-semana entre o presidente chinês Xi Jinping e Donald Trump.

No conflito comercial entre os dois países, os EUA começaram por anunciar, no início do ano, a imposição de taxas alfandegárias mais elevadas em produtos tecnológicos importados da China num valor de 50 mil milhões de dólares, tendo as autoridades chinesas retaliado exactamente na mesma medida, com taxas mais elevadas sobre importações provenientes dos EUA no valor de 50 mil milhões de dólares. Mais tarde, em Setembro, os EUA subiram a parada, elevando as taxas para 10% e no início do próximo ano para 25%, de produtos chineses no valor de 200 mil milhões de dólares, tendo Pequim respondido com a subida de taxas em importações no valor de 60 mil milhões de dólares.

Agora, para além de oferecer pouca margem para um eventual recuo, o presidente norte-americano vai ainda mais longe na sua já habitual estratégia negocial agressiva, colocando a possibilidade de alargar o agravamento das taxas alfandegárias a todos os produtos importados da China, isto é, mais cerca de 250 mil milhões de euros, sendo neste momento incerto como é que a China, que importa menos bens dos EUA, optaria por responder.

Para que este cenário não se concretize, seria preciso, diz Trump, os dois países chegarem a um acordo e “o único acordo seria a China abrir o seu país à concorrência dos Estados Unidos”.

Na entrevista, colocado perante a possibilidade de várias empresas norte-americanas com unidades de produção na China saírem prejudicadas, Donald Trump repetiu uma das ideias fortes do seu discurso económico: “O meu conselho é essas empresas construam fábricas nos Estados Unidos e façam os produtos delas aqui”.

A partir da próxima sexta-feira, os líderes do G20 (que reúne as maiores economias do planeta e as novas potências emergentes) irão encontrar-se em Buenos Aires, com a tentativa de evitar uma escalada da guerra comercial como um dos objectivos. Está ainda agendado um encontro entre os presidentes dos EUA e da China, visto como um momento decisivo nas difíceis negociações comerciais que têm vindo a decorrer entre os dois países.