Fotos de filhos nas redes sociais? É como porem "a criança numa montra"
É preciso "calçar os sapatos da criança" e pensar se a criança vai ou não gostar de se ver nas imagens publicadas. Alerta da presidente da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Protecção das Crianças e Jovens.
A presidente da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Protecção das Crianças e Jovens defende que os pais devem ter cuidado quando expõem os filhos nas redes sociais e que é preciso saber distinguir entre público e privado.
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A presidente da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Protecção das Crianças e Jovens defende que os pais devem ter cuidado quando expõem os filhos nas redes sociais e que é preciso saber distinguir entre público e privado.
Em entrevista à agência Lusa, publicada este domingo, quando completa um ano de mandato à frente da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Protecção das Crianças e Jovens (CNPDPCJ), Rosário Farmhouse sublinhou que não pretende dar receitas sobre a matéria, mas defendeu que é preciso saber distinguir entre o que é privado e o que é publico quando está em causa o direito à imagem dos mais novos.
Os pais "podem perfeitamente partilhar nas suas redes privadas" as fotografias dos filhos, afirma, já que "os avós gostam, os familiares que estão mais longe gostam muito", mas devem ter mais cuidado quando a partilha é feita de uma forma pública.
"É imaginarem que é a mesma coisa que, nos tempos antigos, porem a criança numa montra da cidade, por onde passam imensas pessoas que estão a olhar para ela. Querem isso? Não querem isso? Estão a protegê-la?", questionou.
Rosário Farmhouse não tem dúvidas: "Eu acho que todo o cuidado é pouco e a exposição não beneficia".
Para a presidente da CNPDPCJ, é preciso ter cuidado para que os pais não transformem a privacidade das suas crianças em algo que é de acesso a todos, lembrando que as crianças não foram consultadas sobre isso e os pais não fazem ideia de que impacto essa exposição terá no futuro nas suas vidas.
Por outro lado, defendeu que a sociedade actual não pode ser uma sociedade em que vale tudo e em que a "desculpa da liberdade" serve para "pisar tudo e todos".
"Tem que haver mínimos e os direitos fundamentais têm que ser respeitados, e é esse equilíbrio que temos de ir encontrando neste mundo desafiante que é agora o das novas tecnologias", sublinhou Farmhouse.
Frisou que é preciso "calçar os sapatos da criança" e pensar se a criança vai ou não gostar de se ver nas imagens publicadas: "Tenho confiança que cada um pensará nisso antes de expor as suas crianças".
Projecto para incentivar "melhores famílias"
Anunciou que a comissão nacional se prepara para apresentar publicamente, no dia 5 de Dezembro, um projecto de parentalidade, que vai começar em Janeiro do próximo ano, e que tem como objectivo desenvolver ferramentas para o desenvolvimento de "competências parentais positivas" que tornem as famílias "cada vez melhores famílias".
De acordo com Rosário Farmhouse, o projecto terá a duração de dois anos e é financiado pelo Programa Operacional Inclusão Social e Emprego (POISE).
A responsável disse também que este é um projecto acessível a todas as famílias, que incluirá pequenos jogos e dicas para pais, que será testado nas zonas norte, centro e Alentejo para depois poder ser disseminado por todo o país em 2021.