Mais de 3000 venezuelanos em Portugal e tendência é para aumentar

A Venezuela está mergulhada numa grave crise política, económica e social desde 2015.

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Um grupo de venezuelanos residentes em Portugal manifestou-se frente ao Consulado da Venezuela na Madeira, em 2017 homem gouveia/lusa

Os cidadãos venezuelanos residentes em Portugal superaram os três milhares no ano passado, de acordo com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), que admite manter-se neste ano a tendência de crescimento verificada desde 2015.

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Os cidadãos venezuelanos residentes em Portugal superaram os três milhares no ano passado, de acordo com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), que admite manter-se neste ano a tendência de crescimento verificada desde 2015.

Dados estatísticos do SEF indicam que 3104 cidadãos venezuelanos — 1216 homens e 1888 mulheres — foram autorizados a residir em Portugal, as comunidades "com maior expressividade na Madeira e no distrito de Aveiro".

Relativamente a 2016, em que o número de novos residentes foi de 453, foram concedidas 924 autorizações de residência a cidadãos de nacionalidade venezuelana (574 mulheres e 350 homens).

Em 2016, o número de concessões de autorização de residência a venezuelanos que deixaram o seu país natal para se estabelecerem em Portugal foi de 2356, 1386 mulheres e 970 homens.

Nesse ano, o SEF autorizou a residência em Portugal a mais 212 cidadãos venezuelanos do que em 2015, ano que fechou com o total de 2.010 (1156 mulheres/ 854 homens).

Os números relativos a 2018 estão a ser consolidados, porém fonte do SEF admitiu à agência Lusa que "é possível avançar com uma tendência de aumento das concessões de autorização de residência/ cartões de residência a cidadãos de nacionalidade venezuelana" relativamente a 2017.

A Venezuela está mergulhada numa grave crise política, económica e social desde 2015, depois da descida nos preços do barril de petróleo, o que teve um impacto muito grande na balança comercial, com uma acentuada perda de receitas de exportação. O abastecimento de bens essenciais começou a ser afectado e a inflação atingiu os 180% em 2015.

Em 2017, a situação agravou-se, com o anúncio de uma Assembleia Constituinte para reformar a Constituição, o que foi interpretado pela oposição como um golpe de Estado e uma forma de o Presidente Nicolás Maduro se perpetuar no poder.

Uma onda de protestos e violência afectou em particular a capital, Caracas, com a organização não-governamental Foro Penal Venezuelano (FPV) a estimar que mais de uma centena de pessoas foram mortas em manifestações.

O FPV admitiu que um número superior a dois milhares de pessoas ficaram feridas nos protestos e que mais de 5.000 outras foram presas.

Na Venezuela, 87% da população é pobre e 61% vive em pobreza extrema, segundo dados da organização não-governamental Coligação de Organizações pelo Direito à Saúde e à Vida (Codevida).

O presidente da Codevida, Francisco Valência, alertou que 55% das crianças venezuelanas com menos de cinco anos de idade sofre de subnutrição.

A grave crise económica, política e social que afecta a Venezuela está a levar muitos portugueses e luso-descendentes a regressarem a Portugal, ao mesmo tempo que cidadãos daquele país sul-americano estão a refugiar-se em países vizinhos.