Nova vaga de ataques no Norte de Moçambique faz 12 mortos

Ataques têm sido atribuídos a uma organização jihadista que procura desestabilizar o país e abrir espaço ao comércio ilegal de madeira, marfim e rubi.

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Os ataques em Cabo Delgado têm acontecido em locais remotos Manuel Roberto/PÚBLICO/Arquivo

Pelo menos 12 pessoas foram mortas numa nova vaga de ataques no Norte de Moçambique, na província de Cabo Delgado – os atacantes chegaram durante a noite a aldeias próximas da fronteira com a Tanzânia, queimaram casas e mataram alguns dos habitantes de Chicuaia Velha, de quinta para sexta-feira, uma aldeia remota no distrito de Nangade, diz a Deutsche Welle, e também nas cidades de Lukwamba e Litingina.

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Pelo menos 12 pessoas foram mortas numa nova vaga de ataques no Norte de Moçambique, na província de Cabo Delgado – os atacantes chegaram durante a noite a aldeias próximas da fronteira com a Tanzânia, queimaram casas e mataram alguns dos habitantes de Chicuaia Velha, de quinta para sexta-feira, uma aldeia remota no distrito de Nangade, diz a Deutsche Welle, e também nas cidades de Lukwamba e Litingina.

A informação sobre os ataques só foi conhecida um dia depois. Testemunhas relataram ao jornal moçambicano O País que os atacantes não tinham armas de fogo – usaram machetes e facas para matar e destruir as casas. Roubaram gado e incendiaram as casas das pessoas que recusaram abrir-lhes as portas, e algumas vítimas mortais morreram no interior das habitações em chamas – que, como é habitual na zona, são de construção artesanal, com materiais naturais e altamente inflamáveis.

Por causa do ataque, parte dos residentes de Chicuaia Velha fugiram para a Tanzânia. Em menos de um mês, contam-se já três ataques na província de Cabo Delegado, com um balanço de 20 mortos, diz O País.

O distrito de Nangade é um dos locais que tem sido palco da onda violência que desde Outubro de 2017 atinge a província de Cabo Delgado, em locais remotos, sem rede eléctrica e só acessíveis por estradas sem terra batida.

Os ataques têm sido atribuídos à organização jihadista Al-Shabab, que no entanto não tem relação com o grupo homónimo da Somália. Embora o grupo moçambicano diga, tal como o somali, que defende a ideologia islâmica, um estudo científico publicado este ano diz que a Al-Shabab de Moçambique busca desestabilizar o país e dar espaço para o comércio ilegal de madeira, marfim e rubi, que gera milhões de dólares todos os anos.

O Governo português manifestou "a sua total solidariedade para com as autoridades e povo moçambicano" pelo sucedido, e reconheceu "o esforço levado a cabo pelas autoridades moçambicanas no sentido de responsabilizar e punir os autores deste e de outros ataques mortais que têm assolado a província de Cabo Delgado", num comunicado divulgado esta manhã.

Esta semana, 189 pessoas foram acusadas na província de Cabo Delgado de integrar a Al-Shabab moçambicana.