Apps, podcasts e fontes para conversar sobre vinhos
Na Internet há muita informação para enófilos. Mas, tal como na adega, é preciso saber escolher. Um enólogo ajuda-nos a fazer uma lista e a separar o trigo do joio.
Entrar na conversa de enólogos e enófilos não é para todos e segue aquele velho princípio semiótico que não se vergou com a idade: não entra no debate quem quer, entra quem pode. Numa mesa de engenheiros de pontes, a lógica seria a mesma – com a agravante de que dificilmente encontrará uma app que lhe descodifique a conversa rapidamente. Já para o mundo do vinho, há diversas soluções. Basta saber como separar o trigo do joio – um trabalho a que nos dedicámos para fazer uma lista de fontes de informação indispensáveis para enófilos.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Entrar na conversa de enólogos e enófilos não é para todos e segue aquele velho princípio semiótico que não se vergou com a idade: não entra no debate quem quer, entra quem pode. Numa mesa de engenheiros de pontes, a lógica seria a mesma – com a agravante de que dificilmente encontrará uma app que lhe descodifique a conversa rapidamente. Já para o mundo do vinho, há diversas soluções. Basta saber como separar o trigo do joio – um trabalho a que nos dedicámos para fazer uma lista de fontes de informação indispensáveis para enófilos.
A primeira coisa a ter em conta é o nível de conhecimento que se tem e quanto se quer investir (em tempo de consulta, de aprendizagem ou dinheiro) para expandir o que sabem. Um iniciante poderá começar pela aplicação Vivino (iOS e Android) – e nesta lista vamos centrar-nos nalgumas apps gratuitas. Com 30 milhões de utilizadores, a Vivino reclama ser “a maior comunidade mundial do vinho” e a “maior livraria vinícola do planeta”, com informações sobre 9,2 milhões de vinhos.
É uma espécie de TripAdvisor dos vinhos, com a qual se pode fotografar o rótulo e obter toda a informação que lá foi colocada pela comunidade: críticas, notas de prova, informações organolépticas e comerciais. Seguindo este modelo, em que a informação vem da comunidade, há outras alternativas, com pequenas variações.
A Cellar Tracker (iOS e Android) tem uma base de dados mais pequena (três milhões de vinhos), mas o funcionamento é semelhante. A Wine-Searcher (iOS e Android) é um motor de busca útil para coleccionadores, porque aponta onde comprar, online ou offline, aquela garrafa específica. A Delectable (iOS e Android), por seu lado, é uma espécie de Instagram dos vinhos: apresenta a informação numa interface semelhante a uma rede social e que permite seguir amigos e desconhecidos. A Wine Advisor (iOS e Android) é francesa e distingue-se pela função de gestão virtual da garrafeira lá de casa. E a Hello Wine (ou Hello Vino para iOS e Android) é das poucas apps pagas – sem grande vantagem nisso, porque falhou mais vezes no reconhecimento de rótulos.
Neste tipo de fontes, é comum encontrar também compêndios sobre tipos de uvas e sugestões de refeições para cada vinho.
Porém, quem procura informação mais aprofundada e perspectivas críticas para formar uma opinião própria, deve buscar outras fontes de informação. Há diversos sites e contas Instagram de especialistas, jornalistas e influenciadores, revistas de referência e podcasts indispensáveis para quem não é um principiante. É o caso do enólogo António Braga, a quem pedimos ajuda.
Quadro da Sogrape desde há 11 anos, António Braga já foi responsável da Quinta da Leda e, como tal, esteve ligado a vinhos notáveis deste produtor. “Costumo dizer que era a parteira do Barca Velha e do Reserva Especial”, diz este enólogo que, por norma, não utiliza apps baseadas na comunidade. A lógica desta opção é fácil de explicar e entender: “Será que um crítico de cinema valoriza as críticas do IMDB.com?”
Assim sendo, e começando pelo universo nacional, António Braga destaca João Paulo Martins (Expresso) e Pedro Garcias (PÚBLICO), autores que periodicamente escrevem sobre vinhos em publicações mainstream generalistas. Recomenda também André Ribeirinho, um caso particularmente notável de empreendedorismo nesta área.
Autor de um site em nome próprio, onde se dirige em inglês a uma audiência global, é fundador de diversos projectos que cruzam vinhos e tecnologia. “O André começou a comunicar vinhos de uma forma simples, mais simpática, além disso fotografa bem, é muito coerente”, elogia António Braga. Uma das recomendações da Fugas neste contexto é a app Winespots (só iOS): sugere lugares obrigatórios a partir do GPS do telemóvel; alerta para eventos e bons negócios; e permite embarcar em experiências imersivas com “anfitriões enófilos”. O universo mais vasto de projectos de André Ribeirinho pode ser descoberto em pt.adegga.com e lfstreet.com.
No plano internacional, António Braga destaca dois podcasts. O primeiro é o I’ll drink to that. Mensalmente, o ex-sommelier Levi Dalton (@leviopenswine no Instagram) entrevista personalidades importantes do mundo dos vinhos. Depois, há os podcasts GuildSomm, com uma abordagem diferente: cada episódio é sobre um tema. É como se tivéssemos um sindicato de sommeliers a explicar-nos assuntos importantes ao ouvido – são mensais, e a edição de Outubro debruçava-se sobre os taninos.
Para terminar, além das revistas mais relevantes (Wine Enthusiast, Wine Spectator e Decanter) e dos recursos online da Wine Folly, Jancis Robinson e James Suckling, mencionamos as importantes sugestões e referências que uma mão-cheia de especialistas internacionais fazem no Instagram – uma rede social que é um valioso meio de informação para amantes do vinho, desde que se saiba quem vale a pena seguir. António Braga sugere as contas da @winefolly, Jamie Good (@drjamiegoode), Sarah Ahmed (@sarahwine2) – autora do The Wine Detective, site dedicado a vinhos portugueses e australianos – e Charles Metcalfe (@thewinesinger). Além destes, acrescentamos mais um: Robert Parker, com site em nome próprio e uma conta Instagram (@wine_advocate) que o define como ele deseja: um apoiante do vinho.