Separatistas paquistaneses atacam consulado chinês em Carachi

O grupo é contra o investimento chinês no país.

Foto
Um dos carros destruídos numa explosão durante do ataque em Carachi SHAHZAIB AKBER/EPA

Dois polícias e três atacantes morrem no maior ataque contra a presença chinesa no Paquistão, como parte do seu gigantesco projecto da Nova Rota da Seda.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Dois polícias e três atacantes morrem no maior ataque contra a presença chinesa no Paquistão, como parte do seu gigantesco projecto da Nova Rota da Seda.

O ataque foi reivindicado pelo Exército de Libertação do Baluchistão (BLA), um grupo separatista que se opõe às políticas do Estado paquistanês e aos projectos chineses da província do Paquistão.

A China está a levar a cabo um enorme programa de investimento na região como parte do seu projecto Nova Rota da Seda.

Este foi o maior ataque contra a presença chinesa na região e também a maior operação do grupo armado, que leva a cabo em geral pequenos ataques.

Os três atacantes chegaram à entrada do consulado num carro cheio de explosivos, mas não conseguiram entrar no complexo, que é fortificado e bem protegido. Quando tentaram entrar, um dos polícias que guardava o local disparou e matou um dos atacantes.

Os outros dois pegaram nas suas armas e dispararam contra a polícia; na troca de tiros morreram dois polícias e os outros dois atacantes. Alguns dos explosivos ainda detonaram, deixando vários carros destruídos.

O grupo opõe-se a projectos da China no Baluchistão, por exemplo o do porto de águas profundas na cidade de Gwadar, e vários tipos de investimento em infra-estruturas para o seu projecto de um corredor que tem sido descrito como a nova rota da seda.

A China tornou-se nos últimos anos um dos mais importantes investidores no Paquistão, com cerca de 60 mil milhões de dólares (mais de 50 mil milhões de euros) em projectos ligados à nova rota da seda.

A província do Baluchistão tem fronteiras com o Afeganistão e o Irão, tem grandes reservas de minerais e gás, mas é e província mais pobre do Paquistão.

Durante décadas, os separatistas têm feito campanha contra o Governo central pelo que vêem como a exploração injusta dos recursos da província, em especial gás natural e carvão, assim como cobre e ouro. O grupo também acusa o Estado de tirar terras a povos indígenas.

O ataque desta sexta-feira “é um reflexo de um crescente foco na China por parte do BLA”, disse à Reuters Raffaello Pantucci, director de estudos de segurança internacional no centro de estudos Royal United Services Institute for Defence and Security Studies, com sede em Londres.

Em Agosto, um bombista suicida do grupo atacou um autocarro levando mineiros chineses, deixando cinco feridos.

O primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan, ordenou uma investigação ao que o seu gabinete chamou “parte da conspiração contra a cooperação estratégica entre o Paquistão e a China”.

O porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros Geng Shuang condenou o ataque e “pediu ao lado paquistanês medidas para garantir a segurança dos cidadãos e organizações chinesas”.