Vacas com cornos ou sem cornos? Suíça decide este domingo

Na Suíça, os cornos das vacas estão nas bocas do povo — salvo seja. Um agricultor conseguiu levar a referendo nacional uma proposta para que sejam dados subsídios a criadores de vacas com chifres. Os suíços votam este domingo, 25 de Novembro.

Fotogaleria

Foi ao “ouvir” as suas vacas que Armin Capaul, agricultor suíço de 66 anos e auto-proclamado rebelde, se inspirou para uma campanha que se transformou em referendo nacional a ser votado este domingo: subsídios para os criadores que não retirem os cornos às suas vacas. O agricultor, que acredita que a acção vai ajudar a preservar a “dignidade da criação existente” e a promover o bem-estar animal, reuniu mais de cem mil assinaturas, as necessárias para levar o assunto a votação nacional.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Foi ao “ouvir” as suas vacas que Armin Capaul, agricultor suíço de 66 anos e auto-proclamado rebelde, se inspirou para uma campanha que se transformou em referendo nacional a ser votado este domingo: subsídios para os criadores que não retirem os cornos às suas vacas. O agricultor, que acredita que a acção vai ajudar a preservar a “dignidade da criação existente” e a promover o bem-estar animal, reuniu mais de cem mil assinaturas, as necessárias para levar o assunto a votação nacional.

190 francos suíços anuais (168 euros): é este o subsídio que o agricultor pede para os criadores de vacas com chifres. Capaul defende que os cornos ajudam as vacas a comunicar e regulam a temperatura corporal. “Devemos respeitar as vacas como elas são. Deixar os cornos. Quando as vemos, elas têm sempre sempre as cabeças levantadas e estão orgulhosas. Quando retiramos os cornos, elas estão infelizes”, disse Armin Capaul à Reuters.

Foto
Armin Capaul tem 66 anos Denis Balibouse / Reuters

Ainda que as típicas imagens dos postais ou dos chocolates suíços mostrem sempre uma vaca com cornos, a verdade é que três quartos das vacas vêem os seus chifres retirados ou já nascem sem eles, por modificação genética. Os criadores removem-nos para reduzir o espaço que os animais ocupam nos estábulos. Para isso, as crias são sedadas, enquanto os chifres são queimados com um ferro quente, uma prática que tem reunido alguma oposição entre aqueles que a consideram uma forma de crueldade animal. Há, por outro lado, quem defenda que este é um processo seguro, semelhante à castração de cães e gatos.

O governo suíço diz que, a ser aplicada, a nova medida terá um maior peso no orçamento da agricultura. Por seu turno, os agricultores e criadores estão divididos. Alguns preferem que os chifres sejam retirados, para que as vacas não se magoem umas às outras ou aos humanos. A União Suíça de Agricultores, por exemplo, decidiu permanecer neutra e deixar os membros votar livremente. A AgorA, uma associação francófona ligada à agricultura suíça, rejeitou a ideia de Capaul, afirmando que é "uma forma indesejada de intervencionismo".

Por outro lado, a Associação de Pequenos Agricultores e a Associação Suíça de Produtores Orgânicos recomendaram o voto no "sim" para que seja possível, não só limitar as operações feitas às vacas, mas também promover formas de criação compatíveis com as necessidades dos animais. A iniciativa foi ainda louvada por várias associações de defesa dos direitos dos animais, entre as quais a Greenpeace e a Associação Suíça de Protecção dos Animais.