Aos 110 anos, a Linha do Vouga pede uma prenda de 90 milhões de euros

Municípios da Área Metropolitana servidos por esta linha celebram sexta-feira a sua inauguração, insistindo nas vantagens de uma requalificação

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A linha do Vouga percorre 32 quilómetros entre quatro concelhos Nelson Garrido

A Linha do Vouga foi inaugurada há 110 anos. A efeméride é assinalada esta sexta-feira, mas mais do que a celebração de um serviço que já ligou Espinho a Aveiro e a Viseu, e que perdeu os ramais a sul, funcionando de Oliveira de Azeméis para norte, a festa serve para apontar os futuros possíveis desta ligação. A Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto ainda não concluiu o estudo que lhe foi encomendado pelos municípios servidos pelo comboio, mas sabe-se já que ele estima um investimento de 90 milhões para o transformar num bom serviço de passageiros, em via dupla.

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A Linha do Vouga foi inaugurada há 110 anos. A efeméride é assinalada esta sexta-feira, mas mais do que a celebração de um serviço que já ligou Espinho a Aveiro e a Viseu, e que perdeu os ramais a sul, funcionando de Oliveira de Azeméis para norte, a festa serve para apontar os futuros possíveis desta ligação. A Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto ainda não concluiu o estudo que lhe foi encomendado pelos municípios servidos pelo comboio, mas sabe-se já que ele estima um investimento de 90 milhões para o transformar num bom serviço de passageiros, em via dupla.

Há muito que os autarcas do sul da Área Metropolitana do Porto insistem nas vantagens da modernização da última linha de comboio em via estreita (bitola métrica), ainda em funcionamento no país, e que serve Oliveira de Azeméis, São João da Madeira, Santa Maria da Feira e Espinho, e interessa ainda aos vizinhos de Arouca e Vale de Cambra. Os seis juntaram-se para, nesta sexta-feira, a partir das 10h, organizar no Europarque um evento que celebra esta ligação, e no qual participam o secretário de Estado das Infra-estruturas, Guilherme W. d’Oliveira Martins, que falará sobre a ferrovia no Plano Nacional de Investimentos 2030, e o vice-presidente da empresa Infra-estruturas de Portugal, Carlos Fernandes, que explicará os investimentos em curso no sector.

O presidente da Câmara da Feira, Emídio Sousa, a quem caberá a abertura desta sessão, explicou ao PÚBLICO que a AMP deverá receber o estudo da FEUP ainda no início de Dezembro, mas adianta que os autarcas já conhecem alguns dados. Para além da previsão de 90 milhões para uma linha dedicada a passageiros, em via dupla, há um segundo cenário no estudo, que aponta para uma despesa de 160 milhões de euros se o canal for reabilitado de modo a receber também tráfego de mercadorias. Tal como num estudo anterior, da Tremno, este novo trabalho prevê a criação de condições para uma ligação de uma hora entre Oliveira de Azeméis e Campanhã, no Porto, por via da conexão com a Linha do Norte em Espinho.

A reconversão implicaria a supressão de algumas das paragens existentes, para diminuir para meia hora a viagem na Linha do Vouga propriamente dita, no troço de Espinho para sul, em comboios capazes de atingir os 80km/h. “Estamos a falar de uma região com 300 mil habitantes, com uma forte presença de indústria”, nota o autarca da Feira, lembrando que o investimento nesta opção de transporte colectivo mais amigo do ambiente está em linha com a própria estratégia nacional, e europeia, de combate às alterações climáticas. A Comissária dos Transportes, Violeta Bulc, já disse que Portugal tem de aproveitar melhor os financiamentos disponíveis para este sector, e nesse sentido o eurodeputado José Manuel Fernandes (PSD) também foi convidado para falar, nesta sessão comemorativa, da política europeia para a área da ferrovia.

Estas celebrações incluem ainda intervenções de Joaquim Jorge, autarca de Oliveira de Azeméis e presidente da Associação de Municípios das Terras de Santa Maria, de Freire de Sousa, presidente da Comissão de Coordenação da Região Norte, que falará sobre a importância da ferrovia para esta zona do país, e do presidente da Câmara de Águeda, Jorge Almeida, que dará conta da experiência de turismo ferroviário entre Macinhata do Vouga e Aveiro, troço no qual a CP explorou, com sucesso, um serviço de comboio histórico.

A iniciativa inclui uma componente mais lúdica e cultural. Na manhã de sexta-feira será inaugurada uma exposição sobre os 110 anos desta linha, numa parceria com a Fundação do Museu Nacional Ferroviário e a Associação dos Amigos do Caminho-de-Ferro, que se mobilizou para organizar uma “Viagem de Vapor Vivo”, a partir das 13h, com a qual se fecha este programa comemorativo. Antes disso, haverá ainda tempo para inaugurar uma mostra de ferromodelismo, pelo Grupo de Módulos de Comboios do Norte.