Mais de 450 galgos ainda no canídromo de Macau, alguns em perigo de vida, diz associação
Anima - Sociedade Protectora dos Animais de Macau diz que, quatro meses após o fecho do canídromo de Macau, 454 galgos continuam nas instalações e alguns correm perigo de vida.
Quatro meses após o fecho do canídromo de Macau, 454 galgos continuam nas instalações, 40 dos quais estão em perigo de vida ou em sofrimento e 333 a necessitar de tratamentos imediatos, segundo dados avançados à Lusa.
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Quatro meses após o fecho do canídromo de Macau, 454 galgos continuam nas instalações, 40 dos quais estão em perigo de vida ou em sofrimento e 333 a necessitar de tratamentos imediatos, segundo dados avançados à Lusa.
Os números adiantados pelo presidente demissionário da Anima - Sociedade Protectora dos Animais de Macau são vistos com apreensão pelo próprio Albano Martins que, contudo, permanece optimista num desfecho feliz para os cães já que, afirmou à Lusa, “a partir da próxima semana vão começar a sair para adopção 20 animais por semana”.
Sobre os 404 galgos que se encontram para adopção, Albano Martins admitiu que tal não aconteceria “em condições normais” e que muitos terão que receber tratamento veterinário nos sítios de acolhimento. Para já, enfatizou o activista, não existe outra hipótese no actual cenário: “Caso contrário, vão todos morrer nessas condições miseráveis!”. A saída programada de duas dezenas de animais por semana tem como destino, até o final do ano, os Estados Unidos, Hong Kong e Macau e, a partir de Janeiro, centros de acolhimento na Europa e, numa fase posterior, na Austrália, informou o activista.
Um processo moroso
O caso dos galgos de Macau arrasta-se há quatro meses, quando o canídromo encerrou portas e a Companhia de Corridas de Galgos de Macau, que explorava o espaço, foi acusada de abandonar 532 cães pelas autoridades de Macau. O Instituto para os Assuntos Cívicos de Macau (IACM) ameaçou a empresa com multas que podem atingir cerca de 53 milhões de patacas (5,7 milhões de euros), mas até agora não existe qualquer sanção. “A empresa [Yat Yuen] irá ser multada de acordo com a Lei de Protecção dos Animais de Macau. A empresa já foi notificada e o valor da multa está ainda em fase de decisão”, informou o IACM em resposta à agência Lusa.
A 21 de Julho, o IACM já tinha informado que “a não reclamação [de galgos] pelo seu dono no prazo de sete dias úteis é equiparada a abandono de animal" e o abandono de cada cão é "sancionado com multa de 20.000 a 100.000 patacas”. Menos de uma semana após o encerramento, a Yat Yuen comprometeu-se a construir um Centro Internacional de Realojamento de galgos, único no mundo, com um orçamento anual até 1,59 milhões de euros.
“Não há centro nenhum no mundo igual a este”, afirmou então Albano Martins, após a assinatura do acordo com a Yat Yuen que, segundo o próprio, “foi destruído” a 6 de Outubro, quando o IACM indeferiu a pretensão da empresa em realojar temporariamente os galgos, justificando a decisão pela falta de condições dos espaços propostos.
Esta tomada de posição das autoridades de Macau acabou por levar o presidente da Anima a demitir-se do cargo. De resto, este processo registou episódios como a interdição da entrada de voluntários no canídromo e a demissão de uma outra activista dos direitos dos animais, casos que ilustram a turbulência institucional que tem marcado a gestão do dossier. Já em 2017 se falava de um plano para trazer os galgos para Portugal.
Segundo a contabilidade divulgada pela Anima, dez galgos morreram desde que foram abandonados no canídromo e 68 foram adoptados. De acordo com o IACM, que confirma a existência de 454 galgos nas instalações, entre 15 de Outubro e 20 de Novembro foram enviados 49 galgos para adopção nos Estados Unidos.