Michelin brilha em Sintra, Bragança e Guimarães e o Alma conquista segunda estrela
Há mais um restaurante a ostentar duas estrelas, mas as grandes novidades são as distinções para o G Restaurant e A Cozinha, fora dos grandes centros, e para o Midori, de cozinha asiática.
O restaurante lisboeta Alma é o novo duas estrelas do Guia Michelin e há também três novos restaurantes que ascendem ao universo estrelar. São eles o G Restaurante, em Bragança, A Cozinha, em Guimarães, e o Midori, um dos restaurantes do Hotel Penha Longa, em Sintra, que passam a ter uma estrela.
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O restaurante lisboeta Alma é o novo duas estrelas do Guia Michelin e há também três novos restaurantes que ascendem ao universo estrelar. São eles o G Restaurante, em Bragança, A Cozinha, em Guimarães, e o Midori, um dos restaurantes do Hotel Penha Longa, em Sintra, que passam a ter uma estrela.
Com a promoção da cozinha de Henrique Sá Pessoa, o nosso país passa a ter seis restaurantes com o duplo símbolo do mais famoso e influente guia gastronómico mundial, dois deles lado a lado no centro de Lisboa. A par do Alma, também o Belcanto de José Avillez está na zona do Chiado, bairro cosmopolita que, além de símbolo da cultura e do glamour lisboeta, passa agora a ser também o centro da alta gastronomia.
Numa gala histórica, já que é a primeira que decorre em Portugal, a noite desta quarta-feira juntou em Lisboa, no Pavilhão Carlos Lopes, todos os mais destacados protagonistas da gastronomia em Portugal e Espanha, acabando também por consagrar a ascenção meteórica e o crescente protagonismo da cozinha e da nova geração de chefs nacionais.
Seis restaurantes com duas estrelas já começa a ter algum peso no contexto ibérico do guia – a Galiza, por exemplo, há décadas que anseia por um – e começa a ser visível a possibilidade de haver um três estrelas em Portugal, coisa sobre a qual até já se especulou este ano.
Outra das evidências é a recuperação da centralidade de Lisboa no que toca à alta gastronomia, que nas últimas décadas tem sido um domínio algarvio. Efeito do turismo, que tem agora grande protagonismo na capital, mas também um pouco por todo o país e daí que não seja por acaso que cidades como Guimarães e Bragança passem pela primeira vez a aparecer no roteiro das estrelas Michelin.
É preciso recuar até aos anos 80 do século passado para ver a região de Lisboa maioritariamente representada no mapa das estrelas gastronómicas, com cinco restaurantes – Tágide, Michel, Conventual, Casa da Comida e Porto de Santa Maria - nos sete com estrela em todo o país. Os outros dois ficavam na zona do Porto (Portucale e Garrafão).
Com apenas três anos de funcionamento, a primeira estrela para o Alma veio logo ao primeiro ano e a promoção acaba agora por consagrar a cozinha técnica e apurada que pratica Henrique Sá Pessoa, que põe a sua competência e criatividade ao serviço dos produtos portugueses. O nome, trouxe-o do seu projecto original, na Madragoa, mas agora com a pujança associada ao grupo investidor Multifood, que acaba de juntar ao portefólio (em Agosto) o histórico restaurante Tavares Rico.
Os nomes dos restaurantes Feitoria e São Gabriel (Lisboa e Algarve outra vez) eram apontados para a promoção à segunda estrela – e bem a justificam – mas os inspectores do guia mostraram mais uma vez que são mesmo insondáveis os seus desígnios. Generalizada parece ser a decepção pela não-inclusão do Euskalduna Studio (Porto) na lista de novos estrelados, já que o vaticínio era praticamente unânime. Pelos vistos, todas a gente está de acordo mas os inspectores gostam de contrariar.
Quanto aos três novos estrelados, acabaram por confirmar em pleno o que já se antevia face aos convites feitos para a gala. O que faltou foi mesmo a surpresa, mas esta gala de Lisboa acaba por ficar também para a história por alargar a geografia das estrelas a cidades como Bragança e Guimarães.
Em Bragança, o G Restaurante está na Pousada de São Bartolomeu, uma aposta de risco dos irmãos Óscar (cozinha) e António Luís (vinhos) Gonçalves, que vêem justamente reconhecida como uma cozinha moderna que não esquece os produtos e tradições locais. E o G no nome é mesmo uma questão de família, que tanto pode ser do apelido Gonçalves, como de Geadas pelo qual são conhecidos os irmãos, filhos dos proprietários do famoso restaurante tradicional de grande sucesso na cidade.
Em Guimarães, A Cozinha por António Loureiro é mesmo uma criação daquele que foi o Chefe Cozinheiro do Ano em 2014, e apostou no regresso a casa. O restaurante, construído de raiz para o efeito em pleno centro histórico, e a imagem da sua cozinha saborosa e delicada que deu título à crítica da Fugas (Julho de 2017, onde a criatividade e tradição se aliam aos produtos e receituário minhoto).
Com a estrela do Midori, o luxuoso Hotel Penha Longa, em Sintra, passa também a competir com o bairro do Chiado em proximidade de estrelas, já que no mesmo espaço está o Lab by Sergi Arola. Pedro Almeida conseguiu também autonomizar num pequeno espaço (18 lugares) a sua cozinha criativa de inspiração Oriental.
Martín Berasategui, o chef basco que acaba de abrir em Lisboa o restaurante Fifty Seconds, na Torre Vasco da Gama, Parque das Nações, conquistou ontem mais duas estrelas para os seus restaurantes em Espanha – tinha oito, passa agora a ter dez, sendo o chef mais reconhecido pelo guia no país vizinho. Ainda no que diz respeito aos espanhóis - esta é a edição do Guia Michelin 2019 para a Península Ibérica – o restaurante Daní García, em Marbella, recebeu a terceira estrela. Houve mais 22 restaurantes que em Espanha receberam uma primeira estrela e três que receberam a segunda.