Número de mortos em Borba pode subir para cinco, diz Protecção Civil
Terreno "instável" dificulta operações de resgate. Governo acompanha o caso, mas lembra que a estrada é municipal. No local permanecem 50 operacionais apoiados por 30 viaturas.
O número de mortos vítimas do deslizamento de terras para uma pedreira poderá chegar às cinco vítimas, disse esta terça-feira, às 20h, o comandante distrital da Protecção Civil de Évora, José Ribeiro. Neste momento, há dois mortos confirmados.
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O número de mortos vítimas do deslizamento de terras para uma pedreira poderá chegar às cinco vítimas, disse esta terça-feira, às 20h, o comandante distrital da Protecção Civil de Évora, José Ribeiro. Neste momento, há dois mortos confirmados.
O comandante distrital confirmou, em conferência de imprensa, que as informações até agora recolhidas apontam para que existe, para além da retroescavadora, outras duas viaturas que "terão sido arrastadas com o deslizamento de massas e onde se supõe que no conjunto possam estar três pessoas".
Até agora, foi resgatada uma vítima mortal e está em curso uma operação para resgatar o segundo operador da pedreira. Os trabalhos deverão prolongar-se até às 22h desta terça-feira, sendo retomados na quarta-feira.
“Conseguimos uma janela de oportunidade que nos permitiu executar com sucesso, perto das 14h50, o resgate do trabalhador da máquina [retroescavadora]", declarou aos jornalistas. "A evolução da operação ao longo do dia de hoje veio confirmar as dificuldades que tínhamos previsto”, afirmou. “O perímetro é muito instável e há um elevado risco de deslizamento de massas, que se foi verificando ao longo do dia agravado pela precipitação ao longo da tarde.”
“Estamos a concluir a instalação daquilo que são as motobombas e geradores” para que se possa “operar e fazer o reconhecimento, com maior qualidade, de todo o espaço”.
No local permanecem 50 operacionais apoiados por 30 viaturas.
Governo anuncia inquérito
O ministro da Economia, Pedro Siza Viera, garantiu esta terça-feira que será aberto um inquérito ao sucedido no acidente ocorrido na segunda-feira em Borba, no distrito de Évora, e apresentou condolências às famílias das vítimas.
"Trata-se de uma situação em que têm de ser apuradas as responsabilidades. Será aberto o devido inquérito. Como sabem, é uma estrada municipal relativamente à qual é preciso também apoiar a recuperação, mas é um tema que nos condói a todos", afirmou Pedro Siza Vieira em declarações aos jornalistas.
Pedro Siza Vieira falava em Penamacor, Castelo Branco, à saída de uma reunião com os presidentes das comunidades intermunicipais da Beira Baixa e das Beiras e Serra da Estrela e na qual também estiveram presentes o primeiro-ministro e o ministro do Planeamento e Infra-estruturas.
À saída do encontro, apenas Siza Vieira prestou declarações, tendo apresentado publicamente condolências às famílias das vítimas e deixado uma palavra de apoio aos operacionais que se mantêm no terreno. "É uma tragédia, lamentamos o ocorrido. Damos as condolências sinceras às famílias enlutadas", disse.
Questionado sobre as notícias que dão conta de alertas que já tinham sido deixados relativamente aos riscos existentes naquela via e às eventuais responsabilidades do Governo, o ministro frisou que esta estrada já estava sob a alçada municipal há 13 anos e reiterou que toda a situação terá de ser apurada.
"Neste momento, o mais importante é apoiarmos aqueles que estão a tentar resgatar os corpos e a tentar ajudar a consolidar a situação daquela estrada", ressalvou, garantindo que o Governo continuará a acompanhar o caso.
O deslizamento de um grande volume de terra na estrada entre Borba a Vila Viçosa provocou a deslocação de uma quantidade muito significativa de rochas, de blocos de mármore e de terra para o interior de uma pedreira, pelas 15h45 de segunda-feira.
Segundo disse à Lusa fonte do Comando Territorial de Évora da Guarda Nacional Republicana (GNR), os dois mortos confirmados, operários da empresa que explora a pedreira, são um homem de 50 anos, que residia em Bencatel, no concelho de Vila Viçosa, e outro de 57 anos, que morava em Vila Viçosa, no distrito de Évora.
Três desaparecidos
De acordo com a fonte da guarda, estão dados como desaparecidos, desde segunda-feira, dois homens residentes em Bencatel, concelho de Vila Viçosa, e um idoso de Alandroal, com as autoridades a admitir terem sido vítimas do deslizamento de terras para a pedreira.
Os dois homens de Bencatel terão indicado a familiares que iriam na tarde de segunda-feira a Borba, passando pela estrada onde ocorreu o acidente.
"O condutor da carrinha de caixa aberta e de cor cinzenta, na casa dos 50 anos, terá informado a mulher que ia à tarde [de segunda-feira] com o cunhado, na casa dos 30 anos, ao contabilista a Borba", relatou à Lusa fonte da junta de freguesia de Bencatel.
O desaparecimento dos dois homens foi comunicado à GNR por familiares.
Também um homem de 85 anos está dado como desaparecido em Alandroal, no distrito de Évora, podendo ser outra das vítimas do deslizamento de terras, adiantou à Lusa fonte da GNR.
Segundo a mesma fonte, a participação do desaparecimento do homem foi dada na segunda-feira à GNR pela mulher, que indicou que o marido se deslocou no seu automóvel, nesse dia, a Vila Viçosa.
O Ministério Público instaurou "um inquérito para apurar as circunstâncias que rodearam a ocorrência", referiu a Procuradoria-geral da República.
Notícia actualizada às 20h45 com dados avançados em conferência de imprensa pela Protecção Civil